Diplomatas dos EUA abordaram venda dos caças Rafale ao Brasil e falaram da amizade entre Lula e Sarkozy
06 de dezembro de 2010 | 0h 00
Andrei Netto CORRESPONDENTE / PARIS - O Estado de S.Paulo
PARIS
Os documentos obtidos pelo WikiLeaks e divulgados ontem pelo Le Monde também falam da relação estreita entre os presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva. Em um despacho intitulado França e Brasil: o início de uma história de amor, de 2009, a Embaixada dos EUA em Paris relata a negociação em torno da venda dos caças Rafale ao Brasil como um meio pelo qual os franceses poderiam penetrar com força na América Latina.
Segundo a embaixada americana, Sarkozy pretende "estender o papel da França como ator global cortejando países muito populosos e não alinhados (aos EUA)". Para tanto, Sarkozy pretende usar seus vínculos de amizade com Lula para concretizar a venda dos Rafale, que deve ser anunciada esta semana. O Brasil é visto pela França, segundo os americanos, como "um modelo de ponto de entrada" do país na América Latina.
Sobretudo nos dois últimos anos, a definição da FX-2 (projeto de modernização da Força Aérea Brasileira) é tema de grande interesse dos EUA, que buscam informações sobre a evolução do negócio estimado em ? 5 bilhões.
Em outro despacho, o diretor-presidente da Embraer, Federico Curado, abre sua preferência pelos caças F-18 Super-Hornet, da Boeing. Curado teria "sugerido aos EUA que comprassem aviões Super Tucano em troca do contrato". O diplomata completa: "A Embraer gostaria de se associar a Boeing."
Se não trazem novidades explosivas, os relatos confirmam informações que já pairavam na imprensa e nos bastidores, mas que nunca haviam sido confirmadas. Ao Estado, o ex-embaixador francês François Nicoullaud, um dos maiores especialistas em diplomacia da França, disse que os relatos divulgados pelo WikiLeaks revelam, antes de mais nada, a alta qualidade, a profundidade e a precisão das investigações da diplomacia americana.
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