domingo, 5 de dezembro de 2010
CARREFOUR, QUEBRANDO???
Rombo brasileiro não é o único problema do Carrefour
As operações de hipermercado na França perderam espaço para a concorrência e mercados importantes da Europa mostram lenta recuperação
Ana Clara Costa
O Carrefour, que tem forte atuação na Europa, sofre com a estagnação econômica da região (Getty Images)
Após as notícias de problemas contábeis envolvendo o Carrefour, analistas tiveram de retraçar suas perspectivas para as ações do grupo varejista, listadas na Bolsa de Paris. Na última quarta-feira, o papel da companhia chegou a cair 9% e fechou o dia em queda de 5,6%, cotado a 32,9 euros. O Crédit Suisse revisou seu preço-alvo de 36 euros para 33 euros, enquanto o Deutsche Bank passou de 41 euros para 37 euros. “Os acontecimentos representam surpresas, pois os objetivos anuais da empresa haviam sido reafirmados há apenas poucas semanas”, diz o relatório do banco suíço.
No entanto, se a informação do rombo de 1,3 bilhão de reais no Brasil espalhou-se pela imprensa internacional, outra má notícia tem tirado o sono dos executivos da varejista. Lars Olofsson, presidente do grupo desde 2009, reconheceu nesta semana que as operações de hipermercado na França perderam mercado para a concorrência. “Nos últimos três meses, a performance do grupo na França tem sido pior do que havíamos previsto devido ao ambiente econômico difícil e à forte competição”, afirmou o diretor financeiro do grupo, Pierre Bouchut, juntamente com Olofsson, durante pronunciamento na terça-feira.
A lenta recuperação econômica de países importantes para o Carrefour – como Grécia, Itália e Espanha – também tem afetado seu desempenho em 2010. O grupo teve ainda de amargar um passivo de 50 milhões de euros referente à paralisação de suas operações na Tailândia. Desta forma, foi preciso revisar as perspectivas de resultado operacional para 3 bilhões de euros em 2010, cerca de 130 milhões de euros abaixo do que havia sido previsto pela empresa em setembro, quando ocorreu o anúncio de suas perspectivas para os próximos dois anos e para o biênio 2013-2015. Segundo Bouchut, os mercados ainda promissores restringem-se a China, Índia e Polônia.
O contexto torna-se mais delicado com o anúncio de investimento de 1,5 bilhão de euros na reformulação de 500 lojas da rede na Europa nos próximos dois anos. Para lutar contra a forte concorrência na região, o Carrefour criou um novo formato de loja, chamado Carrefour Planet, que abrigará maior variedade de produtos – inclusive varejo especializado, como móveis. Segundo afirmou Olofsson em setembro, trata-se de uma “reinvenção do conceito de hipermercado”.
O Brasil pode até representar um problema para a rede atualmente, mas isso tende a ser revertido se o grupo resolver suas pendências contábeis e souber aproveitar o momento de franca expansão econômica do país. No entanto, no tocante à Europa, com o desaquecimento constante e as perspectivas tímidas, restam dúvidas se o plano de expansão da empresa se concretizará no tempo previsto. Olofsson, curiosamente otimista quanto ao mercado europeu, afirma que sim.
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