quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
REINALDO AZEVEDO ( VEJA) - LULA, 30 ANOS DEPOIS - PARTE II
Blog
Reinaldo Azevedo
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 6:05
TRINTA ANOS DE LULA: OS HOMENS ADMIRÁVEIS;
Por Reinaldo Azevedo
TRINTA ANOS DE LULA: OS HOMENS ADMIRÁVEIS
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:49
Publiquei ontem alguns trechos da entrevista de Lula à revista Playboy em julho de 1979 e fiz uma pequena provocação intelectual: “O sindicalista é o pai do homem”. Acho que há mais trechos que os eleitores têm o direito de ler. Sacrifico-me por vocês. Como não está na Internet, tenho de digitá-los. Mas não me importo. Tudo pelo esclarecimento.
Os trechos que vocês lerão em vermelho são fortes, sim. Não fosse o Brasil, hoje, amigo de todas as ditaduras que há no planeta; não tivesse o governo Lula estendido o tapete vermelho para o um delinqüente como Mahamoud Ahmadinejad, censurado na ONU uma semana depois, com os votos de Rússia e China, mas sem o voto do Brasil; não tivesse flertado o Itaramaty, por vias oblíquas, até com o terrorismo das Farc, e a fala de Lula de 30 anos atrás não teria relevância. Mas, infelizmente, tem. Vamos lá.
(…)
Playboy – Há alguma figura de renome que tenha inspirado você? Alguém de agora ou do passado?
Lula [pensa um pouco]- Há algumas figuras que eu admiro muito, sem contar o nosso Tiradentes e outros que fizeram muito pela independência do Brasil (…). Um cara que me emociona muito é o Gandhi (…). Outro que eu admiro muito é o Che Guevara, que se dedicou inteiramente à sua causa. Essa dedicação é que me faz admirar um homem.
Playboy – A ação e a ideologia?
Lula – Não está em jogo a ideologia, o que ele pensava, mas a atitude, a dedicação. Se todo mundo desse um pouco de si como eles, as coisas não andariam como andam no mundo. (…)
Playboy – Alguém mais que você admira?
Lula [pausa, olhando as paredes] - O Mao Tse-Tung também lutou por aquilo que achava certo, lutou para transformar alguma coisa.
Playboy – Diga mais…
Lula – Por exemplo… O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer.
Playboy – Quer dizer que você admira o Adolfo?
Lula – [enfático] Não, não. O que eu admiro é a disposição, a força, a dedicação. É diferente de admirar as idéias dele, a ideologia dele.
Playboy – E entre os vivos?
Lula [pensando] – O Fidel Castro, que também se dedicou a uma causa e lutou contra tudo.
Playboy – Mais.
Lula – Khomeini. Eu não conheço muito a coisa sobre o Irã, mas a força que o Khomeini mostrou, a determinação de acabar com aquele regime do Xá foi um negócio sério.
Playboy – As pessoas que você disse que admira derrubaram ou ajudaram a derrubar governos. Mera coincidência?
Lula [rápido] – Não, não é mera coincidência, não. É que todos eles estavam ao lado dos menos favorecidos.
(…)
Playboy – No novo Irã, já foram mortas centenas de pessoas. Isso não abala a sua admiração pelo Khomeini?
Lula – É um grande erro… (…) Ninguém pode ter a pretensão de governar sem oposição. E ninguém tem o direito de matar ninguém. Nós precisamos aprender a conviver com quem é contra a gene, com quem quer derrubar a gente. (…) É preciso fazer alguma coisa para ganhar mais adeptos, não se preocupar com a minoria descontente, mas se importar com a maioria dos contentes.
Voltei
Que coisa, não? O único do grupo que não é um facínora, um assassino contumaz, um homicida frio, é Gandhi. Mas Gandhi, convenham, é a Portuguesa de Desportos das figuras ilustres da humanidade. Se a Portuguesa está em campo, e o adversário não é o nosso time, a gente torce pra quem?
Os outros… A referência a Hitler se presta a uma ironia sinistra: “O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer”. Sem dúvida, o homem era o senhor do fogo…
Lula mudou? Digamos que alguns facínoras foram acrescentados à sua galeria: Ahmadinejad, Khadafi, Omar Hassan Ahmad al-Bashir (o genocida do Sudão)… Fidel, bem…, a múmia, rejeitada até pelo diabo, continua objeto de culto…
De todas as admirações, esta que diz pouco se importar com ideologia é, sem dúvida, a mais perigosa. Afinal, 30 anos depois daquela entrevista, indagado se não se incomodava em receber Ahmadinejad, que nega o holocausto dos judeus, promovido por Hitler – aquele que “tinha o fogo de se propor a fazer alguma coisa”, Lula respondeu:
“Muito pelo contrário. Não estou preocupado com judeus nem com árabes. Estou preocupado com a relação do estado brasileiro com o estado iraniano. Temos uma relação comercial, queremos ter uma relação política”.
O sindicalista, como se vê, era mesmo o pai do presidente.
Se você ainda não leu, leia também:
- LULA, O SEXO, OS ANIMAIS E AS VIÚVAS;
- Lula e as mulheres: “O problema de mulher é você conseguir pegar na mão. Pegou na mão…”
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Por Reinaldo Azevedo
UM DESPROPÓSITO!
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:47
Procurem saber quando é que os países optam por processos constituintes. Sempre que isso acontece, há um rompimento da velha ordem, como houve no Brasil com o fim do regime militar. Fazer constituinte para resolver dificuldades no Congresso é coisa de gente mal intencionada, que não entende como funcionam as democracias. Não por acaso, bandoleiros da América Latina têm recorrido a tal expediente, a exemplo do trio calafrio: Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. Sem que seus respectivos países tivessem passado por uma revolução ou rompimento da ordem, usaram a Constituinte como atalho para implementar regimes autoritários.
Anteontem, Lula já havia afirmado em Portugal que a lambança havida no governo de José Roberto Arruda decorre da falta de uma reforma política. Segundo disse, houvesse o financiamento público de campanha, aquela bandidagem não aconteceria. Obviamente, trata-se de uma bobagem. Quem disse que aqueles vagabundos estavam fazendo apenas caixa ilegal de campanha? Tudo leva a crer que se trata de ladroagem — pura e simplesmente, ladroagem.
Esse negócio de que é a lei que leva um sujeito a transgredir a lei é uma tautologia estúpida, como todas. Sempre se transgride uma lei dada, é claro. O que leva alguém a respeitar ou não os limites impostos é uma decisão pessoal, de caráter moral. Mude-se o texto legal o quanto for, e o vigarista determinado vai tentar fraudá-lo. Ou existe a punição exemplar que torne mau negócio fazer a coisa errada, ou não há lei que o contenha.
Achando que a bobagem era pouca até ali, Lula avançou ontem em Kiev. Agora ele defendeu, imaginem vocês, uma Constituinte! É… Como Chávez, Evo e Correa. E acrescenta, assim, um risco a mais à eventual vitória de Dilma Rousseff. Se Lula fizer o seu sucessor, vem por aí a tentativa de uma… Constituinte!!! Já disse que, do ponto de vista puramente intelectual, um demônio sopra em meus ouvidos: “Vai, Reinaldo, deixa que os adesistas, sobretudo do empresariado e da imprensa, conheçam o verdadeiro PT”. O problema é que a gente sabe onde esse negócio termina…
E Lula deu os seus motivos: enviou propostas de reforma tributária ao Congresso, e elas não avançaram; enviou propostas de reforma política, e elas não avançaram. E AINDA BEM QUE NÃO AVANÇARAM! ERAM E SÃO MUITO RUINS!
Pergunta que não quer calar ao nosso bolivariano light: se o Congresso regular não aprovou as medidas, mesmo ele tendo uma maioria espantosa, por que seria diferente num Congresso Constituinte? Há várias respostas que se combinam, todas ruins: a) porque os valentes tentariam fazer uma Constituinte ad hoc, isto é, eleger representantes que teriam o fito único de fazer a Carta e ir para casa; b) porque, num processo constituinte, aprovar-se-iam medidas por maioria simples. Em suma: se a maioria qualificada para aprovar emendas constitucionais se mostra impossível, então se opta por golpear o Congresso. Simples, como se vê; c) porque o Executivo, desta feita, poria toda a sua força, com o apoio dos ditos ”movimentos sociais”, para pressionar aquela Assembléia que se dissolveria tão logo redigida a nova Carta… NOTA À MARGEM: a primeira vítima de um processo constituinte nesses moldes seria a liberdade de expressão; os petistas defendem uma verdadeira “revolução” na área de comunicação, especialmente na radiodifusão.
Não, não acho que seja simples convocar uma constituinte mesmo que Dilma vença a eleição. Mas a simples menção dessa possibilidade revela o debate rebaixado que se faz no governo. Em seus sete anos de poder, o que fez Lula para manter uma relação mais qualificada com os partidos e com o Congresso? O movimento mais vistoso foi o… mensalão!!! Todos os vícios históricos da relação dos partidos da base aliada com o governo foram mantidos, e outros tantos se acrescentaram. E ele vem falar em Constituinte?
Trata-se de um absoluto despropósito. Mas devemos ter cuidado: pode ser também um cálculo.
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Por Reinaldo Azevedo
NOVO VÍDEO AGORA METE NO ROLO POSSÍVEL CANDIDATO A VICE NA CHAPA DE DILMA
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:45
E o cineminha do Durval Barbosa continua a fazer vítimas. Agora, um novo filminho compromete a cúpula do PMDB. Em conversa com o empresário Alcyr Collaço — aquele que meteu dinheiro na cueca —, Barbosa afirma que o governador José Roberto Arruda paga R$ 1 milhão por mês ao deputado Tadeu Filippelli (DF), que assumiu o comando do PMDB no DF e deu um chega pra lá em Joaquim Roriz, inimigo de Arruda.
Collaço corrige o interlocutor e diz que os números são outros: Filippelli receberia R$ 500 mil; o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB e indicado pelo partido para ser o vice na chapa de Dilma Rousseff, ficaria com R$ 100 mil, mesma quantia recebida por dois outros colegas na Câmara: Henrique Eduardo Alves (RN) e Eduardo Cunha (DF).
Adverti ontem aqui, e alguns bocós não entenderam, que, da forma como estão as coisas, Barbosa se transformou em juiz de todos os seus inimigos. Como ele fazia o roteiro, atuava e dirigia a cena, punha em sua história quem bem entendesse e produzia “provas” a seu bel-prazer. Sendo tudo como diz Barbosa, o governador do DF, do DEM, pagava o mensalão, e o presidente do PMDB recebe o mensalão. Alguém se propõe a escolher o pior?
Uma coisa, convenham, é divulgar filmes em que os larápios estão escondendo dinheiro em meias, cuecas, bolsas etc. Outra, um tanto distinta, é virar propagandista de Barbosa e levar ao ar tudo o que ele — ou sei lá quem — liberar. Convenham: a sua fala gravada não pode ser prova da denúncia que ele próprio faz. Ou será que perdi alguma coisa?
Por Reinaldo Azevedo
E lá vem Arruda com seus panetones…
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:43
Quando os deuses querem danar alguém, a primeira coisa que fazem é lhes tirar o juízo. Foi o que pensei ao ler o que informa Leandro Colon no Estadão de hoje: “Para sustentar a versão de que a quantia de R$ 50 mil recebida em 2006 era uma contribuição para a compra de panetones, o governador José Roberto Arruda (DEM) montou uma licitação na sexta-feira passada, no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. O governo do Distrito Federal vai comprar 120 mil panetones no próximo dia 10, segundo edital aberto naquele dia.” Leiam mais aqui. Dizer o quê? Arruda está naquela situação do sujeito que está com a corda no pescoço e começa a se mexer, cavando um buraco sob os pés… Pergunta: nesses três anos, ele guardou o dinheiro debaixo do colchão?
Convenham: há também um lado circense na atuação deste senhor.
Por Reinaldo Azevedo
Reinaldo Azevedo
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 6:05
TRINTA ANOS DE LULA: OS HOMENS ADMIRÁVEIS;
Por Reinaldo Azevedo
TRINTA ANOS DE LULA: OS HOMENS ADMIRÁVEIS
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:49
Publiquei ontem alguns trechos da entrevista de Lula à revista Playboy em julho de 1979 e fiz uma pequena provocação intelectual: “O sindicalista é o pai do homem”. Acho que há mais trechos que os eleitores têm o direito de ler. Sacrifico-me por vocês. Como não está na Internet, tenho de digitá-los. Mas não me importo. Tudo pelo esclarecimento.
Os trechos que vocês lerão em vermelho são fortes, sim. Não fosse o Brasil, hoje, amigo de todas as ditaduras que há no planeta; não tivesse o governo Lula estendido o tapete vermelho para o um delinqüente como Mahamoud Ahmadinejad, censurado na ONU uma semana depois, com os votos de Rússia e China, mas sem o voto do Brasil; não tivesse flertado o Itaramaty, por vias oblíquas, até com o terrorismo das Farc, e a fala de Lula de 30 anos atrás não teria relevância. Mas, infelizmente, tem. Vamos lá.
(…)
Playboy – Há alguma figura de renome que tenha inspirado você? Alguém de agora ou do passado?
Lula [pensa um pouco]- Há algumas figuras que eu admiro muito, sem contar o nosso Tiradentes e outros que fizeram muito pela independência do Brasil (…). Um cara que me emociona muito é o Gandhi (…). Outro que eu admiro muito é o Che Guevara, que se dedicou inteiramente à sua causa. Essa dedicação é que me faz admirar um homem.
Playboy – A ação e a ideologia?
Lula – Não está em jogo a ideologia, o que ele pensava, mas a atitude, a dedicação. Se todo mundo desse um pouco de si como eles, as coisas não andariam como andam no mundo. (…)
Playboy – Alguém mais que você admira?
Lula [pausa, olhando as paredes] - O Mao Tse-Tung também lutou por aquilo que achava certo, lutou para transformar alguma coisa.
Playboy – Diga mais…
Lula – Por exemplo… O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer.
Playboy – Quer dizer que você admira o Adolfo?
Lula – [enfático] Não, não. O que eu admiro é a disposição, a força, a dedicação. É diferente de admirar as idéias dele, a ideologia dele.
Playboy – E entre os vivos?
Lula [pensando] – O Fidel Castro, que também se dedicou a uma causa e lutou contra tudo.
Playboy – Mais.
Lula – Khomeini. Eu não conheço muito a coisa sobre o Irã, mas a força que o Khomeini mostrou, a determinação de acabar com aquele regime do Xá foi um negócio sério.
Playboy – As pessoas que você disse que admira derrubaram ou ajudaram a derrubar governos. Mera coincidência?
Lula [rápido] – Não, não é mera coincidência, não. É que todos eles estavam ao lado dos menos favorecidos.
(…)
Playboy – No novo Irã, já foram mortas centenas de pessoas. Isso não abala a sua admiração pelo Khomeini?
Lula – É um grande erro… (…) Ninguém pode ter a pretensão de governar sem oposição. E ninguém tem o direito de matar ninguém. Nós precisamos aprender a conviver com quem é contra a gene, com quem quer derrubar a gente. (…) É preciso fazer alguma coisa para ganhar mais adeptos, não se preocupar com a minoria descontente, mas se importar com a maioria dos contentes.
Voltei
Que coisa, não? O único do grupo que não é um facínora, um assassino contumaz, um homicida frio, é Gandhi. Mas Gandhi, convenham, é a Portuguesa de Desportos das figuras ilustres da humanidade. Se a Portuguesa está em campo, e o adversário não é o nosso time, a gente torce pra quem?
Os outros… A referência a Hitler se presta a uma ironia sinistra: “O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer”. Sem dúvida, o homem era o senhor do fogo…
Lula mudou? Digamos que alguns facínoras foram acrescentados à sua galeria: Ahmadinejad, Khadafi, Omar Hassan Ahmad al-Bashir (o genocida do Sudão)… Fidel, bem…, a múmia, rejeitada até pelo diabo, continua objeto de culto…
De todas as admirações, esta que diz pouco se importar com ideologia é, sem dúvida, a mais perigosa. Afinal, 30 anos depois daquela entrevista, indagado se não se incomodava em receber Ahmadinejad, que nega o holocausto dos judeus, promovido por Hitler – aquele que “tinha o fogo de se propor a fazer alguma coisa”, Lula respondeu:
“Muito pelo contrário. Não estou preocupado com judeus nem com árabes. Estou preocupado com a relação do estado brasileiro com o estado iraniano. Temos uma relação comercial, queremos ter uma relação política”.
O sindicalista, como se vê, era mesmo o pai do presidente.
Se você ainda não leu, leia também:
- LULA, O SEXO, OS ANIMAIS E AS VIÚVAS;
- Lula e as mulheres: “O problema de mulher é você conseguir pegar na mão. Pegou na mão…”
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UM DESPROPÓSITO!
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:47
Procurem saber quando é que os países optam por processos constituintes. Sempre que isso acontece, há um rompimento da velha ordem, como houve no Brasil com o fim do regime militar. Fazer constituinte para resolver dificuldades no Congresso é coisa de gente mal intencionada, que não entende como funcionam as democracias. Não por acaso, bandoleiros da América Latina têm recorrido a tal expediente, a exemplo do trio calafrio: Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. Sem que seus respectivos países tivessem passado por uma revolução ou rompimento da ordem, usaram a Constituinte como atalho para implementar regimes autoritários.
Anteontem, Lula já havia afirmado em Portugal que a lambança havida no governo de José Roberto Arruda decorre da falta de uma reforma política. Segundo disse, houvesse o financiamento público de campanha, aquela bandidagem não aconteceria. Obviamente, trata-se de uma bobagem. Quem disse que aqueles vagabundos estavam fazendo apenas caixa ilegal de campanha? Tudo leva a crer que se trata de ladroagem — pura e simplesmente, ladroagem.
Esse negócio de que é a lei que leva um sujeito a transgredir a lei é uma tautologia estúpida, como todas. Sempre se transgride uma lei dada, é claro. O que leva alguém a respeitar ou não os limites impostos é uma decisão pessoal, de caráter moral. Mude-se o texto legal o quanto for, e o vigarista determinado vai tentar fraudá-lo. Ou existe a punição exemplar que torne mau negócio fazer a coisa errada, ou não há lei que o contenha.
Achando que a bobagem era pouca até ali, Lula avançou ontem em Kiev. Agora ele defendeu, imaginem vocês, uma Constituinte! É… Como Chávez, Evo e Correa. E acrescenta, assim, um risco a mais à eventual vitória de Dilma Rousseff. Se Lula fizer o seu sucessor, vem por aí a tentativa de uma… Constituinte!!! Já disse que, do ponto de vista puramente intelectual, um demônio sopra em meus ouvidos: “Vai, Reinaldo, deixa que os adesistas, sobretudo do empresariado e da imprensa, conheçam o verdadeiro PT”. O problema é que a gente sabe onde esse negócio termina…
E Lula deu os seus motivos: enviou propostas de reforma tributária ao Congresso, e elas não avançaram; enviou propostas de reforma política, e elas não avançaram. E AINDA BEM QUE NÃO AVANÇARAM! ERAM E SÃO MUITO RUINS!
Pergunta que não quer calar ao nosso bolivariano light: se o Congresso regular não aprovou as medidas, mesmo ele tendo uma maioria espantosa, por que seria diferente num Congresso Constituinte? Há várias respostas que se combinam, todas ruins: a) porque os valentes tentariam fazer uma Constituinte ad hoc, isto é, eleger representantes que teriam o fito único de fazer a Carta e ir para casa; b) porque, num processo constituinte, aprovar-se-iam medidas por maioria simples. Em suma: se a maioria qualificada para aprovar emendas constitucionais se mostra impossível, então se opta por golpear o Congresso. Simples, como se vê; c) porque o Executivo, desta feita, poria toda a sua força, com o apoio dos ditos ”movimentos sociais”, para pressionar aquela Assembléia que se dissolveria tão logo redigida a nova Carta… NOTA À MARGEM: a primeira vítima de um processo constituinte nesses moldes seria a liberdade de expressão; os petistas defendem uma verdadeira “revolução” na área de comunicação, especialmente na radiodifusão.
Não, não acho que seja simples convocar uma constituinte mesmo que Dilma vença a eleição. Mas a simples menção dessa possibilidade revela o debate rebaixado que se faz no governo. Em seus sete anos de poder, o que fez Lula para manter uma relação mais qualificada com os partidos e com o Congresso? O movimento mais vistoso foi o… mensalão!!! Todos os vícios históricos da relação dos partidos da base aliada com o governo foram mantidos, e outros tantos se acrescentaram. E ele vem falar em Constituinte?
Trata-se de um absoluto despropósito. Mas devemos ter cuidado: pode ser também um cálculo.
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NOVO VÍDEO AGORA METE NO ROLO POSSÍVEL CANDIDATO A VICE NA CHAPA DE DILMA
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:45
E o cineminha do Durval Barbosa continua a fazer vítimas. Agora, um novo filminho compromete a cúpula do PMDB. Em conversa com o empresário Alcyr Collaço — aquele que meteu dinheiro na cueca —, Barbosa afirma que o governador José Roberto Arruda paga R$ 1 milhão por mês ao deputado Tadeu Filippelli (DF), que assumiu o comando do PMDB no DF e deu um chega pra lá em Joaquim Roriz, inimigo de Arruda.
Collaço corrige o interlocutor e diz que os números são outros: Filippelli receberia R$ 500 mil; o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB e indicado pelo partido para ser o vice na chapa de Dilma Rousseff, ficaria com R$ 100 mil, mesma quantia recebida por dois outros colegas na Câmara: Henrique Eduardo Alves (RN) e Eduardo Cunha (DF).
Adverti ontem aqui, e alguns bocós não entenderam, que, da forma como estão as coisas, Barbosa se transformou em juiz de todos os seus inimigos. Como ele fazia o roteiro, atuava e dirigia a cena, punha em sua história quem bem entendesse e produzia “provas” a seu bel-prazer. Sendo tudo como diz Barbosa, o governador do DF, do DEM, pagava o mensalão, e o presidente do PMDB recebe o mensalão. Alguém se propõe a escolher o pior?
Uma coisa, convenham, é divulgar filmes em que os larápios estão escondendo dinheiro em meias, cuecas, bolsas etc. Outra, um tanto distinta, é virar propagandista de Barbosa e levar ao ar tudo o que ele — ou sei lá quem — liberar. Convenham: a sua fala gravada não pode ser prova da denúncia que ele próprio faz. Ou será que perdi alguma coisa?
Por Reinaldo Azevedo
E lá vem Arruda com seus panetones…
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | 4:43
Quando os deuses querem danar alguém, a primeira coisa que fazem é lhes tirar o juízo. Foi o que pensei ao ler o que informa Leandro Colon no Estadão de hoje: “Para sustentar a versão de que a quantia de R$ 50 mil recebida em 2006 era uma contribuição para a compra de panetones, o governador José Roberto Arruda (DEM) montou uma licitação na sexta-feira passada, no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. O governo do Distrito Federal vai comprar 120 mil panetones no próximo dia 10, segundo edital aberto naquele dia.” Leiam mais aqui. Dizer o quê? Arruda está naquela situação do sujeito que está com a corda no pescoço e começa a se mexer, cavando um buraco sob os pés… Pergunta: nesses três anos, ele guardou o dinheiro debaixo do colchão?
Convenham: há também um lado circense na atuação deste senhor.
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