
Chávez mobiliza tropas em meio à tensão com a Colômbia
Por Deisy Buitrago
CARACAS (Reuters) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou na noite de sexta-feira que havia mobilizado tropas de infantaria e a força aérea em meio à tensão criada pela denúncia do governo colombiano de que a Venezuela abriga guerrilheiros de esquerda.
O presidente venezuelano não disse precisamente para onde estava enviando as tropas nem o número de unidades, mas afirmou que lhe dá tristeza confessar em público que está investindo quatro a seis horas de seu dia para estudar planos de guerra.
"Estamos em alerta, que tenho dizer a vocês que mobilizamos unidades para defender nossa soberania no caso de uma agressão", disse Chávez por telefone ao canal estatal de TV.
"Unidades de defesa aérea, unidades aéreas, infantaria e de operações especiais", disse o presidente, que na semana passada disse que os Estados Unidos estariam preparando uma ataque a seu país em conjunto com a Colômbia.
A Venezuela cortou relações diplomáticas com a Colômbia há uma semana, depois que o país vizinho acusou o governo Chávez de dar refúgio a guerrilheiros e pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) que enviasse uma missão de reconhecimento para confirmar a existência de acampamentos com mais de 1.500 rebeldes.
Contudo, o presidente disse também que seu país não planeja agredir o vizinho nem alarmar a população.
Chávez também afirmou que na sexta-feira um helicóptero colombiano violou o espaço aéreo venezuelano durante cinco minutos na região fronteiriça do estado de Zulia, ao norte do estado de Táchira, que também faz fronteira com a Colômbia. Chávez não deu mais detalhes.
O presidente disse que mandou suas tropas fazerem um reconhecimento aéreo da região onde o governo colombiano disse que há guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC) e do Exército de Liberação Nacional (ELN), mas tudo o que viram foi uma pedra num rio e uma casa velha abandonada.
"Tenho que dizer que uma das coordenadas que nos deu o energúmeno na OEA é uma pedra. Eu disse ... à noite aos companheiros: levantem a pedra e há um túnel por baixo, por aí estão os acampamentos, tipo Vietnã", brincou Chávez, que disse ter as fotos do local.
O governo venezuelano também garantiu que seu ministro das Relações Exteriores está disposto a se reunir com a chancelaria do presidente eleito Juan Manuel Santos assim que ele assumir o governo para tentar melhorar as relações entre os dois países.
No encontro da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) na véspera, Colômbia e Venezuela não conseguiram superar a ruptura diplomática.
Na reunião, a Colômbia, maior aliado dos Estados Unidos na região, insistiu em que se criasse um mecanismo para combater as guerrilhas na fronteira.
A Venezuela apresentou uma proposta para um processo de paz na Colômbia durante a reunião. A Colômbia desconsiderou a proposta antes mesmo que houvesse sido apresentada.
Caracas espera nos próximos dias a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em meados de 2009, a Venezuela congelou o comércio bilateral em resposta a um pacto militar da Colômbia com os Estados Unidos que Chávez considera uma ameaça à segurança de seu país.
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