terça-feira, 2 de junho de 2009

TRAGÉDIA AIR BUS 330-200 - VOO AF 447

01/06/2009 - 09:09 - Atualizado em 01/06/2009 - 21:29
Vítimas não enviaram torpedos
Diretor do Sindicato das Empresas Aeroviárias, que havia sido citado por jornal português como fonte da notícia, desmentiu ter dado qualquer entrevista a respeito e diz ser impossível enviar
REDAÇÃO ÉPOCA

TRAGÉDIA
Pierre Henri Gourgeon, diretor-executivo da Air France, concede entrevista no aeroporto Charles de Gaulle. Ele disse que a companhia vive uma tragédia aéreaO diretor de Segurança do Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins, negou hoje à noite ter dito que passageiros do avião desaparecido da Air France tenham enviado mensagens SMS a familiares. "Nunca ouvi falar disso, não acho que seja possível enviar SMS daquela posição e não dei entrevistas a nenhum jornalista de Portugal", disse Jenkins, de acordo com a assessoria do Snea.

Jenkins é um dos maiores especialistas em acidentes aéreos do Brasil. A notícia desmentida pelo SNEA havia sido divulgada pelo Jornal de Notícias, de Lisboa, que mencionou Jenkins como fonte. Segundo o diário português, mensagens como "Eu te amo" ou "Estou com medo" teriam sido enviadas da aeronave, mas na altitude de cruzeiro os telefones celulares convencionais não conseguem sinal para receber ou enviar mensagens ou completar ligações.

Um piloto da Air France, que preferiu o anonimato, disse ao jornal francês Le Figaro que "uma explosão provocada por uma bomba" poderia ter provocado a despressurização do Airbus A330 que fazia o voo 447 (Rio de Janeiro-Paris) e desapareceu no Oceano Atlântico na madrugada desta segunda-feira (1º). Para a fonte ouvida pelo jornal, é "pouco provável" a hipótese lançada pelo ministro francês encarregado dos Transportes, Jean-Louis Borloo, de que um raio poderia ter atingido a aeronave e causado o acidente. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, chegou pouco antes das 13 horas (horário de Brasília) ao aeroporto internacional Roissy-Charles de Gaulle para acompanhar as operações de busca.

O Airbus, por meio de uma mensagem automática, informou a ocorrência de uma pane elétrica à companhia antes de sumir dos radares, com 228 pessoas a bordo. O Ministério da Defesa do Brasil informou que o último contato realizado pelo Airbus 330-200 da Air France que desapareceu entre o Rio de Janeiro e Paris foi realizado com o Centro de Controle de Tráfego Aéreo do Recife (Cindacta-3), às 22h33. O contato das 23h20 não foi registrado e, depois disso, o avião não foi rastreado pelos radares da Ilha do Sal – que fica no meio do caminho entre o Brasil e a África – nem fez contato por rádio com Dacar, no Senegal, como era previsto.

As buscas começaram logo que o sol nasceu. De acordo com Pierre Henri Gourgeon, diretor-executivo da Air France, a "área da queda do avião foi localizada com precisão de algumas dezenas de milhas náuticas", no meio do caminho entre o Brasil e a África. Cinco aviões e dois helicópteros brasileiros e um avião francês, que partiu de uma base no Senegal, estão participando das buscas. A Marinha brasileira também tenta localizar o avião. A Força Aérea do Brasil é responsável pelo patrulhamento de uma grande área sobre o Oceano Atlântico, onde o avião pode ter desaparecido. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em El Salvador, foi informado do desaparecimento e pediu para ser informado sobre a evolução das buscas, segundo o Palácio do Planalto. Por enquanto o governo não fará alterações na agenda do presidente. Lula deve viajar para a Guatemala ainda nesta segunda-feira, e depois, na terça-feira, para a Costa Rica. Nicolas Sarkozy, presidente francês, pediu "todo o esforço possível" ao integrantes do governo e deve visitar o Charles de Gaulle ainda nesta segunda-feira.

O voo AF 447, que levava 216 passageiros e 12 tripulantes, partiu do Rio às 19 horas de domingo e deveria ter pousado em Paris às 6h15 da manhã pelo horário de Brasília (11h15 no horário francês). De acordo com a agência de notícias Associated Press, houve uma comunicação de que, às 23 horas de domingo, o avião passou por uma zona de "tempestades com forte turbulência". O diretor-executivo da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, disse que, às 23h14, Paris recebeu uma mensagem automática que "indica uma falha no circuito elétrico" da aeronave. Mais cedo, a agência France Press informou que o avião havia sido atingido por um raio ao passar por essa zona de turbulência.

"É preciso esperar o pior", diz ministro francês


AIRBUS 330-200
Foto de arquivo da Associated Press, sem data, mostra o Airbus da Air France desaparecido nesta segunda-feira no Atlântico no aeroporto George Bush, em Houston

Um fonte aeroportuária da França disse ao jornal Le Figaro que “não há nenhuma esperança de encontrar sobreviventes”. O ministro do Desenvolvimento da França, Jean-Louis Borloo, afirmou que "é preciso esperar o pior", já que o avião não teria mais combustível para estar voando até agora. Segundo Borloo, a hipótese de sequestro foi descartada. O secretário de Estado de Transportes da França, Dominique Bussereau, disse, no entanto, que "qualquer hipótese é falsa e errônea" sobre o acidente.

O piloto de avião francês Jean Serrat, presidente da associação PNT65, que reúne os comandantes de bordo da Air France, explicou ao canal de notícias de TV a cabo francês LCI que nem sempre é possível evitar zonas de turbulência nos voos sobre o oceano.

"Essa região é menos sobrevoada que o Atlântico Norte, mas se viaja com informações meteorológicas muito precisas. Sabe-se a situação quase com a precisão de um minuto. Há células de tempestade que aparecem em vermelho vivo na tela. Você as evita, mas entre essas duas zonas vermelho-vivo passa por outras onde há descargas elétricas, porque nessas zonas há muitas descargas que são praticamente impossíveis de ver no radar. Uma vez eu fiz uma mudança de rota de 400 quilômetros por evitar uma barreira. Não era simplesmente uma nuvem, era uma verdadeira barreira. Essas barreiras podem partir da América do Sul e ir até a África, muito largas e muito altas, e é preciso atravessá-las. Não é possível passar nem por cima nem por baixo. É preciso encontrar um ponto de passagem."

Voo 447 levava 216 passageiros, incluindo oito crianças
De acordo com as primeiras informações, havia 126 homens, 82 mulheres, sete crianças e um bebê no avião. O banco francês BNP Paribas desmentiu a informação que um de seus dirigentes estava no voo. Já a fabricante de pneus Michelin confirmou que três de seus funcionários – dois deles brasileiros – estavam no voo. Um deles é o carioca Luiz Roberto de Souza Anastácio, presidente da empresa na América do Sul. A associação de imigrantes Trentino nel Mondo confirmou que três italianos estavam no AF 447.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou às 11 horas da manhã que a Air France só vai divulgar a lista de passageiros do voo 447 após “a checagem da nacionalidade dos passageiros” com a Polícia Federal no Brasil e “após informar diretamente aos familiares dos passageiros desaparecidos”. Por conta disso, não há previsão para a divulgação da lista, que pode ser feita parcialmente, à medida que os familiares forem informados.

Em nota divulgada às 12h35, a Aeronáutica informou que não havia sido captado, até então, nenhum pedido de socorro do vôo 447 por meio da frequência internacional de emergência, o que reduz as chances de haver sobreviventes.

Na França, a Air France criou um gabinete de crise para atender parentes de passageiros. No Brasil, a companhia aérea montou salas de atendimento no aeroporto Tom Jobim, no Rio, e no hotel Windsor, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, para atender os parentes dos passageiros. A Air France divulgou telefones para atender parentes de passageiros. Para quem está no Brasil, o telefone é 0800 881 2020; na França, 0800 800 812; em outros países, 33 1 5702 1055. A empresa afirmou que familiares serão recebidos em local reservado no Galeão e no Charles de Gaulle 2, onde médicos e psicólogos estarão disponíveis para assistência.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também divulgou números para que familiares tenham informações sobre o desaparecimento do Airbus: (61) 3366-9303 e (61) 3366-9307.

Segundo a Air France, o capitão do Airbus tinha 11 mil horas de voo e já realizou 1,1 mil horas no A330. Seus dois co-pilotos têm 3 mil horas e 6,6 mil horas de voo. O avião foi posto em serviço em 18 de abril de 2005 e sua última manutenção ocorreu em 16 de abril de 2009.

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