terça-feira, 4 de outubro de 2011

RAFINHA BASTOS E OS FASCISTAS BRASILEIROS

04/10/2011 às 6:57
Os fascistas “do bem” estão assanhados: ou Rafinha Bastos como pretexto

Jamais me esqueço de uma frase do cineasta italiano Bernardo Bertolucci, dita há alguns anos numa entrevista à revista BRAVO!, quando eu ainda trabalhava lá: “O fascismo começa caçando tarados”. Estava ele fazendo a defesa dos tarados? Certamente não! Só alertava para o risco de que nada é tão perverso - e perigoso - como a prática cega do “bem”. Termina provocando um mal que acaba se entranhando na sociedade, na cultura, nas mentalidades, do qual dificilmente nos livramos. O fascismo sempre é um exemplo porque, se nos dedicarmos à leitura de seus princípios e intenções, tudo parece muito aceitável. Esses comunistinhas de meia-tigela que há nas universidades públicas brasileiras vivem citando Mussolini sem saber. A vertente alemã do fascismo, o nazismo, já se mostrava, de saída, escancaradamente autoritário por causa da tara anti-semita. Isso à parte, encantaria, como encantou, alguns humanistas distraídos… O fascismo, felizmente, caiu em desgraça. Mas a sua outra metade, o comunismo, continua como se fosse uma bela promessa do passado…

Por que essas considerações? O destrambelhamento do humorista e apresentador de TV Rafinha Bastos, que falou no ar um troço que considero irrepetível, e ele é reincidente nisso, está sendo explorado por vigaristas intelectuais de esquerda, que decidiram, agora, que chegou a hora de recuperar as virtudes do fascismo politicamente correto. E a canalha não se contenta, naturalmente, em apenas posar de defensora putativa das “minorias” - daqueles “que não têm voz”, diz o mais ridículo deles -; quer também estabelecer uma pauta, de modo que se definam o que é e o que não é aceitável pensar e, sobretudo, falar e escrever. Quer ser a polícia do pensamento.

Bastos, a exemplo de outros que se dedicam à sua linha de humor, já deu sinais de que é um rapaz inteligente. Não estou fazendo ironia, não! Como todo humorista competente, sabe identificar os valores influentes na sociedade, identifica suas fragilidades, desconstrói consensos etc. E ganha muito dinheiro com isso, o que não é pecado, já que há quem pague para ouvir o que ele tem a dizer. Mas cometeu um erro - que já apontei em Danilo Gentili, seu companheiro no CQC da Band, quando fez uma piada estúpida sobre os judeus: achar que o humor é uma categoria que está acima de qualquer outra. E, nesse particular, ele pode ser bastante burro. Fosse assim, haveria um novo ente soberano no mundo, que substituiria, inclusive, a moral e a ética. Seria uma nova divindade, um novo imperativo, em cujo altar as sociedades renderiam todos os seus valores. Ele e outros como ele têm de aprender que essa é uma concepção tola - e também autoritária.

Mas vamos devagar aí! Esquerdopatas estão querendo se apropriar da justa indignação com alguns exageros dessa linha de humor para propor uma espécie de caça às bruxas, num esforço de transformar a bula politicamente correta - a piada de Rafinha que gerou o bafafá, diga-se, nem se encaixava na categoria da incorreção política - numa espécie de Manual Nacional de Redação de jornais, revistas, sites e blogs, de modo a satanizar aqueles que não rezam segundo a cartilha. Assim, eu não poderia mais escrever “apedeuta” para me referir a Lula, por exemplo, porque estaria mangando de sua baixa escolaridade - e não, como é o caso, de sua determinação em fazer a apologia da ignorância. Do mesmo modo, estaria proibido de me opor às cotas raciais nas universidades ou à dita lei contra a homofobia (na verdade, contra a liberdade de expressão e de escolha) porque, afinal, seria o mesmo que combater as minorias que sofrem… Mais: também não poderia fazer restrições à tal Comissão da Verdade ou chamar Carlos Lamarca de assassino porque isso tudo ofenderia o consenso… de uma minoria influente que quer impor sua vontade à maioria.

Abaixo, há um texto em que expresso a minha vocação para andar na contramão. Trato de uma falácia que foi muito difundida, em toda a imprensa, segundo a qual a expectativa do novo Código Florestal havia aumentado o desmatamento. Foi uma invenção de Marina Silva. Eu a combati. Afirmei que era bobagem. Houve certamente quem dissesse: “Ah, o Reinaldo é um desses politicamente incorretos…” Posso até ser. Naquele caso, eu só estava sendo logicamente correto. Os fatos demonstraram que eu estava, também, aritmeticamente correto. O desmatamento até caiu. Agora é a própria ministra do Meio Ambiente quem assegura que a acusação era falaciosa. Eu não escrevi aquelas coisas para deixar chocados os que babam verde. Escrevi porque era fato e porque era o que eu pensava.

Tantas vezes tomei aqui um caminho quase solitário. Lembram-se do dito “golpe” em Honduras? Ou daquela moça que teria sido vítima de ultradireitistas na Suíça? Ou da privatização de estradas de Dilma, que deixou Elio Gaspari de queixo caído - e agora quebrado? Ou de Strauss-Kahn? Eu não estava tentando chocar ninguém ou fazendo questão de ser politicamente incorreto.

Ah, mas agora há o Rafinha Bastos… A fascistada está assanhada para tirar daí uma lei geral: “Olhem no que dá deixar essa gente falar tudo o que dá na cabeça”. Que “gente”? Não existe um sindicato da incorreção. E que fique claro: não estou aqui dizendo “Ah, pegar Rafinha pode, mas não venham pra cima de mim!” Não virão porque nem tem por ponde. Estão querendo confundir a agressão a alguns valores constitutivos da civilidade com a contestação de parcialismos influentes. O combate à discriminação racial é um bem universal a ser preservado até pelos humoristas; política de cota racial é uma escolha ideológica. O combate à discriminação em razão da sexualidade é um bem universal a ser preservado; a tal lei contra a homofobia é uma escolha ideológica. O reconhecimento de que os palestinos merecem um estado é um bem universal a ser preservado. Apoiar a iniciativa de Mahmoud Abbas na ONU é uma escolha ideológica. O equilíbrio ecológico é um bem universal a ser preservad; as teses de Marina são uma escolha ideológica.

Era só o que faltava: agora, um bando de mamadores nas testas oficiais, uma gente desqualificada, que vive do que consegue arrancar do estado brasileiro - dos pobres -, incapaz de ganhar a vida por seus próprios méritos e meios, decidiu se oferecer para ser a consciência da nação.

A reação negativa às piadas infelizes de Bastos mostra que a liberdade de expressão no país não precisa de policiais. A sociedade reage quando se sente ofendida. De resto, os puxa-sacos juramentados não são seus melhores críticos. Vão se catar, fascistas!

Por Reinaldo Azevedo

SARNEY, INIMIGO DO BRASIL E DINHO OURO PRETO

Dinho e Sarney, juntos no Rock in Rio

Categoria: Música, Politicalha

Fora as polêmicas musicais, a discussão no Rock in Rio também ferveu na arena política. No show do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto dedicou a música “Que País é Esse?” ao nosso coroné José. As 100 mil pessoas presentes endossaram a crítica e mandaram Sir Ney para aquele lugar (você sabe qual). Óbvio que um dos poodles de Sarney ia tomar as dores de seu dono e o deputado Magno Bacelar (PV) disse que no Rock in Rio tem muitos “metaleiros drogados e maconhados”.

Podia ter parado aí, mas claro que nada disso impediu Sarney de continuar fazendo política em cima do fato. Em comunicado, disse que o festival se beneficiou dos incentivos à cultura criados em seu governo, e provoca Dinho dizendo que foi ele quem promoveu o diplomata Afonso Ouro Preto (pai de Dinho) a embaixador.

Não é preciso gostar de Capital Inicial ou simpatizar com Dinho Ouro Preto para concordar com ele nessa questão. O ponto é que Sarney é um inimigo do Brasil e não há meios de qualquer cidadão brasileiro razoavelmente sensato apoia-lo no que quer que seja. Intrigante mesmo é procurar saber como ainda tem tanta gente no Maranhão e no Amapá que vota nele e no clã Sarney. Será que esses eleitores estão todos “drogados e maconhados” pelas políticas coronelistas e rasteiras do velho oligarca?