quarta-feira, 17 de junho de 2009

ESTE É O CARA QUE TATUOU A MENINA ABAIXO


Eu acredito na menina tatuada depois de ver o vídeo
Qua, 17/06/09por Paulo Nogueira |categoria Geral| tags 56 estrelas, Kimberley Vlaminck, tatuagem


Ela diz que dormiu pedindo três estrelas no rosto e acordou com 56.

Mais que a bandeira brasileira.

Lol.

Duvidei. Vi comentários em que pessoas diziam, tecnicamente, ser impossível alguém dormir numa sessão de tatuagem. Ela diz que foi drogada, mas ainda assim dizem que suas lágrimas autopiedosas são duras de engolir: sugerem cinismo e arrependimento, não tristeza e sentimento de ser vítima de trapaça.

Tudo que sei de tatuagem se resume em alguns programas esparsos que vi, e gostei, de Miami Ink.

Não tenho tatuagem. Um dia pensei fazer, como meu amigo Mário, que se tatuou várias vezes depois dos 40. Acho que não tenho mais idade para isso. Preguiça de ir ao tatuador, de escolher o desenho, e completa falta de entusiasmo em suportar a dor da tatuagem.

Tendi a acreditar no veredicto da voz rouca das ruas: mentira.

Mas vendo o vídeo em que aparecem a garota belga estrelada e o tatuador, bem, passei a acreditar na versão da menina. Por instinto.

O cara é sinistro como os ciganos búlgaros que roubam desavergonhadamente em seus táxis os turistas de Praga com voltas e voltas inacreditáveis. Veja-o na foto abaixo. Eles, os taxistas de Praga, são, aparentemente, um caso perdido. Li uma matéria da BBC que contava que, diante da pressão da imprensa local, o prefeito de Praga se disfarçou e andou de táxi pela cidade. Cobraram até 500% acima, fora os trajetos inacreditáveis. Ele admitiu que eram uma praga os motoristas de Praga. E disse que ia resolver o problema.

Bem, faz cinco anos. Não cinco semanas ou cinco meses.

Cinco anos.

Passei uns dias em Praga, como narrei num post anterior, e fui assaltado por motoristas desonestos.

Eles tinham uma cara pesada, esquisita. Sequer grunhiam para dizer bom dia ou obrigado. Uma hora desisti de ser gentil depois que o motorista, num trajeto simples para o hotel, deu sem mais aquela uma volta num quarteirão enorme, a despeito de minhas reclamações, como se eu fosse um idiota.

O tatuador que vi no vídeo, bem, eu não andaria no táxi dele, se ele tivesse um. Ele diz que a menina inventou a história depois de ter levado uma dura do pai e do namorado ao chegar em casa multiestrelada no rosto. Que ela ficou quase tão repulsiva quanto seu tatuador, é um dado da vida.

No instinto, opto pela versão da menina. Ah, os fatos — a inverossimilhança de alguém dormir enquanto decoram todo o seu rosto com dezenas de estrelas, mesmo sob o efeito suposto de drogas – não a ajudam? Bem, como escreveu Nelson Rodrigues, danem-se os fatos. Em Londres acontecem, de resto, coisas estranhas, como um cara que estava morto já fazia mais de seis horas quando perceberam isso num ônibus, conforme relatei no twitter. Ah, não foi em Londres, mas na Bélgica. Bem, lá também acontecem coisas estranhas. Poirot, o detetive de Agatha Christie, cabeça oval como um bola de futebol americana, era belga e cometeu o suicídio perfeito. Um tiro simétrico entre os dois olhos.

Mas, como diz um amigo meu, um certo escritor barato, posso estar errado. Posso estar sempre errado.

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