domingo, 14 de junho de 2009

SE CORRER A TELEFÔNICA PEGA, SE FICAR, ELA COME!!! O QUE ACONTECE COM A INOPERANTE TELEFÔNICA?




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Mercado digital
O que acontece com a Telefônica?
Pela quinta vez em menos de um ano, uma pane paralisa os serviços da operadora e deixa no ar a ameaça de um colapso do sistema de telefonia

ROBERTA NAMOUR E TATIANA VAZ


POR VOLTA DAS 9H DA MANHÃ DO DIA 9, as telefonistas da central de atendimento da Alô Táxi, uma das maiores empresas de táxis da capital paulista, não conseguiam mais agendar carros para os clientes. As linhas de telefone ficaram repentinamente mudas, situação insustentável para qualquer companhia em que o contato por esse meio é vital para manter os negócios. Clientes que solicitaram o serviço naquele momento esperaram por muito tempo porque os motoristas não sabiam o endereço no qual deveriam apanhá-las.

Outros desistiram de chamar um veículo da frota e tomaram um táxi na rua. "Estimamos ter perdido 80 clientes nas quatro horas em que ficamos sem linhas", afirma Ricardo Auriemma, diretor administrativo da Alô Táxi. "Agora, estudamos a implantação de um sistema de telefonia de voz sobre IP para sermos menos dependentes da Telefônica", disse, em referência à operadora de telefonia da região. Do outro lado da cidade, todas as posições de call center da Proxis, responsável pelo telemarketing da Gafisa, Panasonic e GE Money, também estavam sem receber nem fazer ligações. Sem obter nenhuma explicação da fornecedora de telecomunicações, o jeito foi acompanhar os anúncios oficiais divulgados na imprensa. "Enviamos aos clientes um aviso de que a culpa não era nossa, mas manteremos os contratos com a Telefônica apenas por falta de opção", afirma Ricardo Baptista, coordenador de marketing da Proxis.

A Alô Táxi e a Proxis não foram vítimas pontuais de problemas técnicos em suas centrais. Naquele dia 9, uma terça-feira, entre as 9 e as 15 horas, uma pane generalizada afetou os seis pontos de transferência da Telefônica no Estado de São Paulo, atingindo em diferentes graus e diferentes momentos todos os 11,6 milhões de assinantes da segunda maior operadora do País. Porém, problemas em algumas linhas telefônicas se estenderam até a noite. Grande parte das chamadas locais e internacionais e dos telefones 0800 ficou inoperante.

Quem conseguia linha se deparava com a mensagem da antiga estatal, responsável pelos serviços antes da privatização, em 1997: "Telesp informa: telefone temporariamente fora de serviço." Naquela manhã também cessaram as ligações para serviços essenciais, como Corpo de Bombeiros, Prefeitura e resgate médico gratuito. A Polícia Militar teve de transferir chamadas do número 190 de São Paulo para o Centro de Operações do ABC, em Santo André.

Em uma hora, a média de ligações em dias de semana é de 700. A causa da pane, segundo nota divulgada pela Telefônica, foi uma falha humana da equipe de um fornecedor que presta serviços na rede da empresa. Há especulações de que a pane tenha sido causada de forma proposital. Trata-se da quinta grande falha registrada nos serviços da companhia em menos de um ano (leia quadro "Os apagões da Telefônica).

SEIS HORAS FORA DO AR: falha no sistema da empresa comandada por Antonio Carlos Valente (ao lado) deixou o Estado de SP sem comunicação


"Perdemos 80 clientes nas quatro horas que ficamos sem telefonia fixa. Vamos investir em telefonia VoIP "

RICARDO AURIEMMA, DIRETOR DA ALÔ TÁXI
Isso gera a percepção de que há um serviço público essencial, como a telefonia, prestes a entrar em colapso. "A Telefônica reconheceu que terceiriza um serviço de altíssima importância para uma empresa incompetente. Isso mostra seu descaso com a qualidade do serviço prestado", afirma Virgílio Freire, ex-diretor da antiga Telesp e atualmente consultor de telecomunicações. Procurada pela DINHEIRO, a Telefônica não se pronunciou. A falha no sistema foi causada por um problema na rede de sinalização da operadora, segundo informações divulgadas pela empresa.

Esse sistema desempenha a função que as telefonistas tinham no passado, interconectando chamadas. No caso da Telefônica, o serviço é fornecido por terceiros. "Na companhia, o atendimento, a manutenção e a operação são terceirizados", afirma Freire. "É como se uma empresa de aviação terceirizasse seus pilotos, aeromoças e mecânicos." De acordo com o especialista, desde que a Telefônica veio ao Brasil, o objetivo era extrair o máximo de lucro para reforçar as operações do grupo na Espanha.

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