sábado, 19 de dezembro de 2009

CAMARGO CORRÊA - UM GIGANTE SEM ROSTO - PÁG. 02


ISTOÉ DINHEIRO
Negócios

Camargo Corrêa um gigante sem rosto
Na maior crise de sua história, o grupo de R$ 16 bilhões ergue uma muralha para conter os estragos de uma ação da PF, que o acusa de pagar propinas de R$ 30 milhões

Por Leonardo Attuch e Tom Cardoso



A principal matériaprima para isso é um arquivo de 54 planilhas, apreendido na casa do diretor Pietro Francisco Bianchi, que indicaria uma espécie de mapa do caixa 2 da empreiteira. Nas últimas semanas, os vazamentos dessa lista passaram a ser feitos a conta-gotas e tudo indica que o processo ganhará impulso em 2010. Até agora, já foram citados nomes de peso, como o do deputado Michel Temer, provável vice de Dilma Rousseff, o do secretário paulista Aloysio Nunes Ferreira, précandidato ao governo de São Paulo, e o do ex-diretor da Eletronorte Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Todos negaram as acusações. “Uma infâmia”, disse Temer. O fato concreto é que, como consequência da Castelo de Areia, Lula sugeriu ao PMDB que indicasse uma lista tríplice para vice de Dilma, sinalizando que Temer não é bem-vindo na chapa governista.

Máquina de consultores da Camargo definiu uma estratégia equivocada de silêncio que expôs a empresa a uma avalanche de denúncias sem fim

É justamente esse componente político que torna o caso Camargo Corrêa mais delicado. Ainda assim, a estratégia do silêncio, definida pela política de comunicação da empresa, é criticada por especialistas. “No mundo de hoje, a regra número 1 é a transparência e ninguém mais consegue se esconder”, avalia o consultor Ney Figueiredo, que atua em crises de imagem. De acordo com ele, a primeira decisão a se tomar numa situação desse tipo é nomear uma pessoa de credibilidade incontestável, que passe a atuar como uma espécie de “Mr. Crise”. E que, segundo Figueiredo, nunca deve ser o advogado. “O criminalista fala com os tribunais, o gestor de crise fala com a sociedade.”

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