quinta-feira, 19 de novembro de 2009

BICICLETA ELÉTRICA



Um motor para quem não quer pedalar
Testamos a bicicleta elétrica da Porto Seguro. Ela evita o suadouro nas subidas, mas limita a liberdade.
Francine Lima

Francine Lima testa a bicicleta na Avenida Pompéia: na subida, e com o motor ligado, ela é super leveSempre que eram chamados em Perdizes, bairro da zona oeste de São Paulo repleto de declives acentuados, os socorristas-ciclistas da Porto Seguro tinham de suar. Para driblar os congestionamentos e agilizar o atendimento de clientes com problema simples como pneu furado ou bateria descarregada, o pessoal chegava exaurido ao final da subida. A solução foi desenvolver bicicletas com motor. E, por causa da provável demanda no mercado, a solução virou produto. A convite da Porto Seguro, ÉPOCA testou bicicleta elétrica Felisa, desenvolvida inicialmente para as equipes do serviço de Bike Socorro e agora no mercado de veículos verdes.

Para quem sente a bicicleta comum como uma continuação do corpo, a Felisa é pesada demais. Robusta, com o motor dentro da roda traseira e uma bateria no lugar da garupa, pesa 34 quilos, quase três vezes o peso de uma bicicleta comum. Foi difícil arrancar com motor desligado, especialmente na subida. Em matéria de velocidade, agilidade, ginga e resistência para enfrentar obstáculos, é certo que um ciclista preparado numa bike comum consegue se virar melhor. Também seria impraticável carregá-la nos ombros para subir uma escada do metrô. Numa rua plana, só consegui pedalar a bike desligada depois de passar para a marcha mais leve. A vantagem começa ao ligar o motor diante de uma subida. Embora ela também funcione como mobilete, com uma autonomia de 15 km, pedalar ao mesmo tempo ajuda o motor e economiza bateria, aumentando o rendimento.

A bateria, um tijolo de nove quilos formada em série por três partes de 12 volts, leva de três a seis horas para carregar na tomada e pode ser recarregada 300 vezes. Isso quer dizer que em menos de um ano um sujeito que resolva usá-la todos os dias já teria de comprar uma bateria nova. Pode ser uma boa para quem trabalhe mais ou menos perto de casa. Se a bike anda bem sem a ajuda do pedal por 15 km, dá para ir e voltar com ela ligada até um lugar no máximo a 7,5 km de casa. Isso para uma pessoa de uns 70 quilos que ande só em ruas planas, segundo um socorrista da Porto Seguro que fez os testes. O rendimento do motor dependeria do trajeto e do peso do usuário. Se o percurso tiver muitas ladeiras e se a pessoa for mais pesada, a bateria pode arriar bem antes (na média, e pedalando, a bateria dura 50 km).



Não cheguei a testar a bike ao máximo de sua capacidade. A ideia era compará-la com uma bicicleta comum e observar a reação dos motoristas, passageiros, motoqueiros e pedestres. Deu para notar que ficaram curiosos. Mas era uma reação diferente da que eu costumo ver quando estou na minha bike comum. Naquela hora eu não era uma ciclista corajosa enfrentando com a minha própria força o trânsito maluco de São Paulo. A bicicleta elétrica é que era uma novidade inusitada no meio dos veículos conhecidos. Alguns aproveitavam o sinal vermelho para perguntar o preço: R$ 3000. É um valor comparável ao de uma boa bicicleta montada com peças importadas, talvez um pouco menor do que o de um scooter.

Sem saber, errei de capacete. Embora tenha aparência de bicicleta e tenha uma capacidade de acelerar mais limitada do que a bicicleta comum, ela é considerada pelos órgãos de trânsito como um ciclomotor, uma espécie de prima da moto. Ou seja, ela deve ter registro no órgão de trânsito municipal e possuir placa. De motor ligado, não pode circular em ciclovias ou ciclofaixas, segundo o Denatran. E o condutor deve usar o capacete para moto. Mas se estiver só no pedal ninguém diz que ela é elétrica. Segundo cálculos de Ernesto Cavasin, gerente executivo de sustentabilidade da PriceWaterhouseCoopers, o motor da Felisa contribui para a emissão de 0,3 quilo de dióxido de carbono por quilômetro rodado, duas a quatro vezes menos que uma moto pequena. É uma alternativa verde, mas já não é uma bicicleta.

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http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1161838-7823-EPOCA+TESTOU+UMA+BICICLETA+ELETRICA,00.html

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