sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - PRÉDIO CAI E MORADORES TÊM QUE PAGAR
OBS:- ASSISTA O VÍDEO DO DESABAMENTO ( IMPLOSÃO ) NO LINK ACIMA
Além de não reaver os prejuízos causados pela queda do prédio, provavelmente por erro de projeto ou execução, moradores do Edifício Itália, em São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo, foram intimados ontem pela Justiça a pagar, em 15 dias, R$ 5,1 milhões para a prefeitura.
A indenização é para reparar os estragos causados pela queda da torre, de 17 andares, cujas 500 toneladas de concreto desabaram sobre uma avenida, uma rua lateral e um prédio vizinho, de 11 andares. Com a queda do Itália, em 16 de outubro de 1997, outras duas torres, Portugal e Espanha, também de 17 andares cada uma, que formavam um complexo residencial de alto padrão, foram implodidas seis meses depois.
O pagamento foi determinado pelo juiz da 1ª Vara da Fazenda de Rio Preto, Marcelo Moraes Sabbag, ao executar acórdão do Tribunal de Justiça (TJ), que condenou os condôminos do Itália a ressarcir a prefeitura pelos serviços de limpeza e reconstrução das vias e serviços públicos, como redes de energia e telefonia, que ficaram destruídos com a queda. O valor, que era inicialmente cerca de R$ 1 milhão, hoje está em R$ 5,1 milhões.
Defesa
O advogado dos condôminos, Odinei Bianchini, disse que vai estudar o processo antes de decidir qual tipo de recurso deve interpor. No entanto, o despacho do juiz, segundo ele, dificilmente deixará de ser cumprido. "Trata-se de uma decisão provisória, pois há recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas que não prevê efeito suspensivo. Por isso, dificilmente haverá a suspensão do pagamento."
Além da indenização, os 17 proprietários de apartamentos no Itália não conseguiram reaver os prejuízos com a queda e a maioria nem sequer recorreu contra engenheiros e construtora, já condenados pela Justiça por falhas no projeto e na execução da estrutura que teriam causado a queda da torre.
"Não dá para recorrer, eles não têm recursos para pagar a indenização. A maioria teve de assumir os prejuízos", comenta o comerciante Antonio Carlos Parise, dono de uma cobertura. "É difícil calcular, mas meus prejuízos são de aproximadamente US$ 2 milhões", ressalta.
A prefeitura - que já anunciou que não perdoará a dívida - foi condenada a indenizar os proprietários dos apartamentos das torres Espanha e Portugal, que recorreram à Justiça. A sentença, em primeira instância, obriga a prefeitura a ressarcir os moradores por ter determinado a implosão dos prédios sem necessidade. O caso está no Tribunal de Justiça, que analisa recurso interposto pela administração municipal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
HistóricoNo dia 16 de outubro de l997 houve o desabamento do Edifício Itália, em São José do Rio Preto. O condomínio onde se localizava o edifício era consituído por: um andar térreo ( comercial), 2 pavimentos de garagem e 1 pavimento de uso comum (PUC). Estes quatro pavimentos ocupavam toda a área do terreno. No PUC "nasciam" três torres ( Portugal, Espanha e Itália ) com 16 pavimentos de apartamentos mais o ático de cada uma. O PUC era um andar de transição como se pode ver no desenho anexo.
A fundação do conjunto de edifícios foi executada com estacas tipo Franki (diâmetro de 52 cm).
O solo do local é constituído de camadas de solo mole e, posteriormente, de uma camada de arenito, que se torna impenetrável à percussão entre 11 e 13 m. O nível de água está entre 1,5 e 3 m abaixo da superfície. As estacas "penetraram" aproximadamente 1,5m nessa camada de arenito.
Durante a execução dos blocos de fundação do edifício Itália, notou-se um erro na locação das estacas do pilar P61. Criou-se então uma viga-alavanca unindo o bloco do P61 ao do P62.
Acontecimentos ocorridos no dia 16/10/97Na madrugada deste dia houve um declínio brusco de temperatura ( de 40º para aproximadamente 20º em poucas horas) e ventos de rajada que não ultrapassaram 60 Km/h.
Por volta de 2 horas, ouviu-se um forte estrondo. Às 3:30 horas, pessoas começaram a ouvir barulhos de vidros se quebrando. Esses ruídos foram aumentando com esquadrias retorcendo-se, a marquise junto à rua Luiz V. Camões deformando-se e vidros quebrando-se nos andares abaixo do PUC. Por volta das 6 horas, o edifício entrou em colapso e desabou.
Depoimentos de pessoas que presenciaram a quedaUma pessoa que se encontrava junto à Rua Luiz de Camões relatou que o edifício se inclinou no sentido da Avenida Bady Bassit revertendo o sentido do seu movimento e caindo para trás ( no sentido da Rua Jamil Khauan).
Outra pessoa, que se encontrava junto à Rua Jamil Khauan, relatou que viu a junta de dilatação "abrir" ( na altura do PUC), o edifício Itália separando-se do Edifício Espanha e posteriormente "afundando" no solo e caindo para trás.
Os erros construtivosEm virtude da falência da construtora que executava as obras, o condomínio assumiu o término dos edifícios. Durante a investigação dos escombros o IPT descobriu revestimentos de piso e de paredes com espessuras em desacordo com o projeto original.
Nas investigações do IPT foram levantadas espessuras médias de reboco de paredes de 10 cm; enchimentos de concreto nas lajes das garagens de 10 cm; argamassa de assentamento de piso no andar tipo de 8 cm e espessura média de reboco nos tetos de 3,5 cm. Isto ocasionou sobrecargas não previstas na estrutura e nas fundações.
No mês de março de l998, descobriram-se excentricidades importantes em pilares de uma mesma prumada dos edifícios Portugal e Espanha, através de fotografias. Foi então pedido um levantamento topográfico rigoroso, que foi executado pelo perito oficial. O resultado pode ser visto no desenho anexo. Alguns valores destas excentricidades encontradas foram:
P67: 20,6 cm P72: 16,5 cm
P68: 09,8 cm P73: 11,7 cm
P69: 10,8 cm P74: 24,4 cm
P71: 37,9 cm P75: 26,2 cm
Além das excentricidades, foram notadas diferenças de seções em pilares. As diferenças mais importantes são: um pilar com seção de 65 X 76 cm quando deveria ter 80 X 80 cm; um pilar com seção de 20 X 130 cm quando deveria ter 20 X 160 cm.
Posteriormente, chegou-se à conclusão de que erros do mesmo tipo foram também cometidos no edifício Itália, analisando-se fotos dos escombros desse prédio.
(*) Marco Nagliati é sócio-proprietário da AEOLUS Engenharia, escritório de projetos de estruturas. Amigo pessoal dos projetistas da estrutura e de fundações do Edifício Itália, reprocessou por vários métodos a sua estrutura. Analisando fotos e projetos, foi quem descobriu as grandes excentricidades dos pilares que ocorreram no andar da transição.
Além de não reaver os prejuízos causados pela queda do prédio, provavelmente por erro de projeto ou execução, moradores do Edifício Itália, em São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo, foram intimados ontem pela Justiça a pagar, em 15 dias, R$ 5,1 milhões para a prefeitura.
A indenização é para reparar os estragos causados pela queda da torre, de 17 andares, cujas 500 toneladas de concreto desabaram sobre uma avenida, uma rua lateral e um prédio vizinho, de 11 andares. Com a queda do Itália, em 16 de outubro de 1997, outras duas torres, Portugal e Espanha, também de 17 andares cada uma, que formavam um complexo residencial de alto padrão, foram implodidas seis meses depois.
O pagamento foi determinado pelo juiz da 1ª Vara da Fazenda de Rio Preto, Marcelo Moraes Sabbag, ao executar acórdão do Tribunal de Justiça (TJ), que condenou os condôminos do Itália a ressarcir a prefeitura pelos serviços de limpeza e reconstrução das vias e serviços públicos, como redes de energia e telefonia, que ficaram destruídos com a queda. O valor, que era inicialmente cerca de R$ 1 milhão, hoje está em R$ 5,1 milhões.
Defesa
O advogado dos condôminos, Odinei Bianchini, disse que vai estudar o processo antes de decidir qual tipo de recurso deve interpor. No entanto, o despacho do juiz, segundo ele, dificilmente deixará de ser cumprido. "Trata-se de uma decisão provisória, pois há recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas que não prevê efeito suspensivo. Por isso, dificilmente haverá a suspensão do pagamento."
Além da indenização, os 17 proprietários de apartamentos no Itália não conseguiram reaver os prejuízos com a queda e a maioria nem sequer recorreu contra engenheiros e construtora, já condenados pela Justiça por falhas no projeto e na execução da estrutura que teriam causado a queda da torre.
"Não dá para recorrer, eles não têm recursos para pagar a indenização. A maioria teve de assumir os prejuízos", comenta o comerciante Antonio Carlos Parise, dono de uma cobertura. "É difícil calcular, mas meus prejuízos são de aproximadamente US$ 2 milhões", ressalta.
A prefeitura - que já anunciou que não perdoará a dívida - foi condenada a indenizar os proprietários dos apartamentos das torres Espanha e Portugal, que recorreram à Justiça. A sentença, em primeira instância, obriga a prefeitura a ressarcir os moradores por ter determinado a implosão dos prédios sem necessidade. O caso está no Tribunal de Justiça, que analisa recurso interposto pela administração municipal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
HistóricoNo dia 16 de outubro de l997 houve o desabamento do Edifício Itália, em São José do Rio Preto. O condomínio onde se localizava o edifício era consituído por: um andar térreo ( comercial), 2 pavimentos de garagem e 1 pavimento de uso comum (PUC). Estes quatro pavimentos ocupavam toda a área do terreno. No PUC "nasciam" três torres ( Portugal, Espanha e Itália ) com 16 pavimentos de apartamentos mais o ático de cada uma. O PUC era um andar de transição como se pode ver no desenho anexo.
A fundação do conjunto de edifícios foi executada com estacas tipo Franki (diâmetro de 52 cm).
O solo do local é constituído de camadas de solo mole e, posteriormente, de uma camada de arenito, que se torna impenetrável à percussão entre 11 e 13 m. O nível de água está entre 1,5 e 3 m abaixo da superfície. As estacas "penetraram" aproximadamente 1,5m nessa camada de arenito.
Durante a execução dos blocos de fundação do edifício Itália, notou-se um erro na locação das estacas do pilar P61. Criou-se então uma viga-alavanca unindo o bloco do P61 ao do P62.
Acontecimentos ocorridos no dia 16/10/97Na madrugada deste dia houve um declínio brusco de temperatura ( de 40º para aproximadamente 20º em poucas horas) e ventos de rajada que não ultrapassaram 60 Km/h.
Por volta de 2 horas, ouviu-se um forte estrondo. Às 3:30 horas, pessoas começaram a ouvir barulhos de vidros se quebrando. Esses ruídos foram aumentando com esquadrias retorcendo-se, a marquise junto à rua Luiz V. Camões deformando-se e vidros quebrando-se nos andares abaixo do PUC. Por volta das 6 horas, o edifício entrou em colapso e desabou.
Depoimentos de pessoas que presenciaram a quedaUma pessoa que se encontrava junto à Rua Luiz de Camões relatou que o edifício se inclinou no sentido da Avenida Bady Bassit revertendo o sentido do seu movimento e caindo para trás ( no sentido da Rua Jamil Khauan).
Outra pessoa, que se encontrava junto à Rua Jamil Khauan, relatou que viu a junta de dilatação "abrir" ( na altura do PUC), o edifício Itália separando-se do Edifício Espanha e posteriormente "afundando" no solo e caindo para trás.
Os erros construtivosEm virtude da falência da construtora que executava as obras, o condomínio assumiu o término dos edifícios. Durante a investigação dos escombros o IPT descobriu revestimentos de piso e de paredes com espessuras em desacordo com o projeto original.
Nas investigações do IPT foram levantadas espessuras médias de reboco de paredes de 10 cm; enchimentos de concreto nas lajes das garagens de 10 cm; argamassa de assentamento de piso no andar tipo de 8 cm e espessura média de reboco nos tetos de 3,5 cm. Isto ocasionou sobrecargas não previstas na estrutura e nas fundações.
No mês de março de l998, descobriram-se excentricidades importantes em pilares de uma mesma prumada dos edifícios Portugal e Espanha, através de fotografias. Foi então pedido um levantamento topográfico rigoroso, que foi executado pelo perito oficial. O resultado pode ser visto no desenho anexo. Alguns valores destas excentricidades encontradas foram:
P67: 20,6 cm P72: 16,5 cm
P68: 09,8 cm P73: 11,7 cm
P69: 10,8 cm P74: 24,4 cm
P71: 37,9 cm P75: 26,2 cm
Além das excentricidades, foram notadas diferenças de seções em pilares. As diferenças mais importantes são: um pilar com seção de 65 X 76 cm quando deveria ter 80 X 80 cm; um pilar com seção de 20 X 130 cm quando deveria ter 20 X 160 cm.
Posteriormente, chegou-se à conclusão de que erros do mesmo tipo foram também cometidos no edifício Itália, analisando-se fotos dos escombros desse prédio.
(*) Marco Nagliati é sócio-proprietário da AEOLUS Engenharia, escritório de projetos de estruturas. Amigo pessoal dos projetistas da estrutura e de fundações do Edifício Itália, reprocessou por vários métodos a sua estrutura. Analisando fotos e projetos, foi quem descobriu as grandes excentricidades dos pilares que ocorreram no andar da transição.
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