sábado, 12 de setembro de 2009

DERRAPADA FINAL - PIT STOP




Derrapada final
Os bastidores da maior fraude da Fórmula 1, que pode encerrar a carreira Nelsinho Piquet

Francisco Alves Filho e Mário Simas Filho

TRECHOS DO DEPOIMENTO DE NELSINHO PIQUET À FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE AUTOMOBILISMO

A PROPOSTA

Durante o GP de Singapura de F-1, realizado em 28 de setembro de 2008 e válido pelo Campeonato Mundial de F-1 da FIA de 2008, fui convidado pelo sr. Flavio Briatore, que é tanto meu empresário quanto diretor da equipe ING Renault F-1 Team, e pelo sr. Pat Symonds, diretor técnico da equipe, a bater deliberadamente meu carro, a fim de influenciar positivamente o desempenho do ING Renault F-1 Team no evento. Concordei com esta proposta e conduzi meu carro para acertar o muro, provocando um acidente na 13ª/14ª volta da corrida.

A FRAGILIDADE EMOCIONAL

No momento da conversa, eu estava em um estado mental e emocional muito frágil. Este estado foi provocado por stress intenso devido ao fato de que o sr. Briatore se recusou a informar-me da existência ou não da renovação de meu contrato para o ano seguinte (2009), como habitualmente ocorre no meio da temporada (entre julho e agosto). Em vez disso, o sr. Briatore repetidamente pediu-me para assinar uma "opção", o que significava que eu não estava autorizado a negociar com outras equipes.

Ele repetidamente me colocou sob pressão para prolongar a opção que eu tinha assinado, mesmo em dia de corrida, um momento que deveria ser apenas para concentração e relaxamento antes da prova. Quando me pediram para bater o carro e provocar a entrada do safety car para ajudar a equipe, aceitei porque esperava que pudesse melhorar minha posição na equipe no momento crítico da temporada.

A COMBINAÇÃO DO ACIDENTE

Me mostraram o ponto exato da pista em que eu deveria bater. Esta curva foi escolhida porque aquele local específico não possui guindastes que permitiriam que um carro danificado pudesse ser rapidamente removido nem possui entradas laterais, o que permitiria que um fiscal de pista pudesse empurrar rapidamente o carro para fora dela. Assim, considerou-se que um acidente nesta posição específica seria quase certo provocar uma obstrução da pista e que, portanto, seria necessária a implantação do safety car a fim de assegurar a continuidade da corrida.


A VOLTA DA BATIDA

O sr. Symonds também me disse em que volta, exatamente, eu deveria provocar o incidente, de modo a poder disponibilizar ao meu companheiro de equipe, o sr. Fernando Alonso, uma boa estratégia, já que ele faria seu reabastecimento pouco antes da entrada do safety car, na 12ª volta.

A chave para esta estratégia reside no fato de que o conhecimento de que o carro de segurança entraria na pista entre as voltas 13 e 14 permitiu que a equipe fizesse no carro do sr. Alonso uma estratégia agressiva de combustível, suficiente para chegar a 12 voltas, mas não muito mais. Isso permitiria que o sr. Alonso ultrapassasse o máximo de carros possível, sabendo que os carros teriam dificuldade em recuperar o tempo perdido depois do pit stop devido à implantação posterior do safety car. Esta estratégia foi bem-sucedida e o sr. Alonso venceu o GP de Singapura de F-1 de 2008.

A CONFIRMAÇÃO PELO RÁDIO

Eu intencionalmente causei o acidente, deixando o carro sair lateralmente pouco antes da curva. A fim de me certificar de que eu provocaria o acidente durante a volta certa, perguntei para a minha equipe por diversas vezes, através do rádio, para confirmar o número da volta, algo que eu não faria normalmente. Não fiquei ferido durante o acidente, nem ninguém.

O OBRIGADO DE BRIATORE

Após as discussões com o sr. Briatore e o sr. Symonds, citados acima, a "estratégia do acidente" nunca foi discutida novamente com qualquer um deles. O sr. Briatore discretamente disse "obrigado" após o final da corrida, sem falar mais nada. Não sei se alguém tinha conhecimento desta estratégia no início da corrida.

O ENGENHEIRO DESCONFIOU

Na minha própria equipe, o engenheiro do meu carro questionou a natureza do incidente, porque ele achou incomum, e eu respondi que eu tinha perdido o controle do carro. Eu acredito que um engenheiro inteligente notaria que os dados de telemetria do carro indicam que o acidente foi causado de propósito, já que continuei acelerando, enquanto o "normal" seria frear o mais rapidamente possível

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