MALANDRAGEM BRASILEIRA - DEDO DE SILICONE - AUTO ESCOLA

Autoescola usa dedos de silicone em esquema de fraude de CNH em Barueri

Auto-escola usava dedos de silicone para registrar falsa presença de alunos em aulas. Donos e futuros motoristas vão responder por falsidade ideológica

Vanessa Dainesi
(policia@webdiario.com.br)

Uma auto-escola de Barueri foi flagrada fraudando as regras dos exames para a obtenção de CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Pelo esquema, os alunos pagaram as aulas teóricas, mas não precisavam comparecer ao curso para serem aprovados.

A presença era garantida por meio de falsos dedos de silicone, nos quais funcionários moldavam a impressão digital dos alunos, “enganando” o sistema biométrico de presença nas aulas.

No local a polícia encontrou 13 dedos de silicone. E tanto os donos do estabelecimento quanto os alunos vão responder por falsidade ideológica. Além disso, se algum deles já estiver com habilitação, ela será cassada.

A polícia investigava a auto-escola há três meses. Na semana passada, uma policial foi até o local e, passando-se por aluno, se matriculou no curso. Depois, com uma câmera escondida, gravou toda a conversa. O funcionário explicou que era preciso fazer 45 aulas teóricas, mas disse que ela não precisava comparecer a nenhuma delas, desde que pagasse R$ 1,5 mil, em três vezes.

A fraude é a mesma descoberta em outras autoescolas do Estado: o aluno deixa a digital impressa em um pedaço de silicone. Esse dedo falso é usado para abrir e encerrar as aulas no leitor biométrico.

Histórico

Esse é o segundo escândalo envolvendo fraudes para obtenção de CNH na cidade. Em junho de 2008, após uma operação conjunta da Polícia Rodoviária Federal e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), do Ministério Público, além da Polícia Civil, foi descoberto um esquema para emissão ilegal de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) em 17 autoescolas da Grande São Paulo, uma delas em Barueri.

O caso também não é inédito na região Oeste. Em setembro, o Detran-SP anunciou que vai indiciar 1880 motoristas que obtiveram suas CNHs de forma fraudulenta, em um esquema de venda do documento que funcionava em Itapevi. Nesse caso, todos eram moradores de outros Estados, e informaram endereços falsos, na cidade, para conseguir o documento. Também como parte da fraude, eles não precisavam nem comparecer às aulas teóricas e práticas para obter a licença. Para chegar a esses casos, policiais do Detran fecharam, em agosto, a Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Itapevi e apreenderam todos os prontuários de CNH para apuração. Além disso, prenderam 4 funcionários de uma auto-escola suspeita de comandar o esquema.