sábado, 28 de agosto de 2010

CHILE - SOTERRADOS EM MINA NO CHILE


Chile
Após o vídeo, algumas verdades vêm à tona
Os cinco quadros confirmados de depressão e um grave problema de infiltração foram confirmados pelas autoridades na mina San José
Manuela Franceschini, de Copiapó, no Chile


Imagem mostrando os mineiros presos na mina, Chile

"Sabíamos que eram imagens fortes, mas era importante que os vissem vivos”, disse o ministro da Saúde, Jayme Mañalich

No dia seguinte à exibição do vídeo dos 33 mineiros que estão soterrados há 22 dias, no Chile, há menos euforia e mais resignação. “Sabíamos que eram imagens fortes, mas era importante que os vissem vivos”, disse o ministro da Saúde, Jayme Mañalich, em entrevista exclusiva a VEJA. Luciano Reygadas, filho de Omar Reygadas, concorda. Ele conta que seu pai aparece nas imagens quieto e sério, muito diferente de como costuma agir. Ainda assim, ele se sente tranquilo e decidiu que deixará o acampamento na próxima semana.“Depois de tanto tempo sem vê-lo, saber que está vivo! Agora podemos ir”. Para Luciano, diante da angústia que sentiam no começo do mês, quando o acidente foi anunciado e os deram como mortos, “vê-lo um pouco mal não é nada.”

Ninguém nega, contudo, que a exibição do vídeo trouxe à tona algumas verdades que mexeram com as expectativas dos familiares. “É como uma ressaca depois de uma grande festa, natural”, disse Alberto Iturra, o psicólogo da Associação Chilena de Segurança que está trabalhando na mina San José com os 33 mineiros e seus familiares. A ressaca está nas barracas fechadas, no acampamento silencioso, e no número de jornalistas, que caiu pela metade.

A gravação, que mostrou com detalhes o local onde estão e as condições em que vivem, tornou públicos os corpos machucados, as reclamações sobre a umidade, a lama que toma conta de tudo. Confrontado sobre o que diziam antes das imagens, quando afirmavam que a questão da umidade estava sob controle e que as condições eram boas, o engenheiro de minas Andre Sougarrete admitiu: “Há um problema sério de infiltração causado pelas perfurações que têm sido feitas para o resgate. Quando perfuramos, cai água pelas galerias e gera muita umidade e lama pra eles”. Segundo o engenheiro, será feita uma drenagem para contornar a situação.

As condições físicas dos mineiros também contrastaram com as primeiras declarações oficiais. Alguns rostos magros, a dificuldade para abrir os olhos, em muitos, a apatia completa ilustram o diagnóstico de depressão constatado em cinco dos mineiros nesta sexta-feira.

Iturra explica que “depressão é como gripe, uns reagem melhor, outros pior. As condições são graves, mas temos que ver a positividade do grupo, não individualmente”. Tentando amenizar o problema, disse que trata-se de um grupo unido, seguro e “com uma capacidade impressionante de superar situações adversas”.

O ministro da Saúde também fez questão de apontar cinco pontos positivos mostrados no vídeo: a quantidade de espaço que têm para se mover; o respeito às hierarquias que estabeleceram lá dentro; a divisão de grupos, conforme orientados; e o apoio emocional que dão uns aos outros.

Resgate - A máquina que vai possibilitar o resgate dos mineiros está preparada para começar o longo processo de perfuração da mina neste sábado. Já montado, o aparelho atravessou na manhã desta sexta-feira o acampamento dos familiares dos operários e foi encaminhado para a entrada da jazida.

A perfuradora australiana Strata 950, de 30 toneladas, irá avançar de 10 a 15 metros diariamente em um duto de 66 centímetros de diâmetro para resgatar os trabalhadores. O custo da operação de resgate, que deve levar de três a quatro meses, é de aproximadamente 10 milhões de dólares, dos quais foram usados até agora cerca 3 milhões.

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