quinta-feira, 8 de outubro de 2009

OMISSÃO


Na primeira dificuldade, em quaisquer circunstâncias da nossa existência, temos por hábito procurarmos o causador das falhas ou, na pior das hipóteses, saímos à procura de um “bode expiatório“ para justificá-las, todavia, com raríssimas exceções, procuramos o engano a partir de nós mesmos.
Qualquer coisa, criada, inventada, vivificada ou feita pelo homem, sempre haverá o certo, o errado e o meio-termo, o que muda é apenas o ponto de observação e suas preferências, bem como, o próprio ser humano e suas desigualdades.
Para um homem, enquanto desonesto, o certo é o errado, em contraposição, para um lídimo, o certo é o correto mesmo.
No meio termo ficam, em determinados casos, às pessoas sem opiniões, sem discernimentos, desinteressadas de tudo e da vontade investigativa ou deliberativa.
A coisa certa, no irrestrito valor do vocábulo, não pode conter em si nenhuma constituição errônea e, muito menos, a omissão consciente, Ela é como um diamante sem jaça ao surgir às vistas do garimpeiro felizardo.
O objeto errado, no irretorquível predicado do vocábulo, também não poderá conter nenhuma formula do correto, todavia, estará sempre congregada com a omissão culposa ou dolosa, é como o excremento de um elefante sendo remexido ou incomodado apenas por um ciscar de moscas.
A VIRTUDE SEMPRE ESTARÁ NO MEIO-TERMO DOS EXTREMOS EQÜIDISTANTES, entretanto, isso não vale quando as extremidades forem o “certo” e o “errado” em razão da virtude nunca amealhar nada dos erros e engodos; sendo, frontalmente, contra o errado, ela não poderá coabitar com ele mesmo estando, aparentemente, em igual distância do errado e da coisa certa.
Ocorrendo essa circunstância, a omissão ficará entre o meio-termo e o errado, contudo, nunca atuando no “certo” em razão dele afastar-se dando lugar de intervalo para a omissão intrusa juntar-se à coisa considerada errada.
O difícil para o homem, na atualidade, é saber discernir entre o “bem” e o “mal” em razão da carência de honra e respeito mutuo contemporâneo, somado a ambição desmedida, inveja desmesurada e egoísmo cumulativo.
Nessa situação, a omissão campeia desordenada pelas planícies da nossa existência, sempre sendo reforçada pela soberba e ambição desenfreada da maioria que dela tenham conhecimento.
Há dois tipos de omissões, uma, a culposa, onde é praticada por imperícia, imprudência ou negligência, a outra, é dolosa podendo até caminhar para ser criminosamente hedionda, neste caso, sempre terá fins lucrativos ou contra a vida humana.
É muito difícil para a maioria das pessoas distinguirem, de imediato, a coisa errada da íntegra, em razão do errôneo sempre estar revestido de omissões danosas e mascarado por subterfúgios e benesses faustosas.
O meio-termo também não é fácil de ser identificado por causa da proximidade da omissão ou lacuna ainda não expelida totalmente dele, e flutuando no intervalo entre ele e o mal, todavia, longe do bem, do qual sempre ficará separado justamente pelo meio-termo divisório e procurado pelo neófito aprendiz da viagem pela vida.
A coisa certa tem luz própria de amplitude infinita e são reconhecidos pela difusão de suas virtudes e dos seus méritos, nela, não há nenhum meio-termo e, muito menos, a “coisa” considerada errada.
Elencar, nestas poucas páginas, todas as omissões ou lacunas diretamente influindo em nossa vida, seriam impossíveis em razão de não haver, no mundo, nenhuma livraria que coubesse os livros e vocábulos necessários a tal mister, todavia, algumas omissões mais contundentes podem explicitar, dentre elas, as seguintes:
-Fabricação irregular de máquinas ou quaisquer outros equipamentos em que a sua vida funcional fica bem abaixo do razoável, com a intenção do retorno dos compradores à nova oferta e aquisição do produto sabotado.
-Fabricação de medicamentos com as dosagens medicamentais abaixo do normal para um maior lucro dos fabricantes em detrimento da saúde dos seus clientes, nesse caso, pacientes que dependem da dose correta para sua sobrevivência, cura ou melhoria de saúde.
-Governos e políticos, de uma forma que está ficando quase generalizada, governando e legislando em causa própria, ou pior, dolosamente lesando seus eleitores e amealhando dinheiro público ou de terceiros para seus cofres ou dos seus apadrinhados ou apaziguados.
-Facultativos, causídicos, policiais, religiosos, engenheiros e construtores, fiscalizações, latifundiários, industriais, comerciantes, banqueiros e muitos outros, numa prática quase constante da omissão em desfavor de todos, inclusive deles mesmos, eventuais e futuras vítimas de seus próprios deslizes com dolo ou mesmo com culpa:
-Um médico que explora seu paciente e até o deixa falecer, poderá, no futuro, ter um seu parente em igual situação vindo a fenecer, ou, sendo assassinado ou acidentado pela falta exatamente da pessoa que deixara morrer atuando com omissão.
-Um causídico omisso que deixa seu cliente inocente ser condenado a uma pena rigorosa, poderá fazer dele um revoltado que, sabedor de sua inocência e do descaso do seu advogado, certamente, engrossará o rol dos criminosos perigosos e só pensará em vingança contra o seu “defensor” e todos os demais.
-Um mal policial que não seja escravo da lei e dos ditames legais, acabará, com a sua omissão, sendo escravo dos homens e transformando-se num delinqüente pior do que os criminosos marginalizados, justamente, por receber salários para fazer um trabalho correto em defesa de toda a sociedade, agindo com omissão, passará do meio-termo e será amealhado pelo lado errado da coisa, prejudicará a sociedade, a si e à sua família, irremediavelmente !
-Um religioso, inclusive protestante, que não seguir os ditames da bíblia sagrada, os dogmas e a fé caritativa, na certa, ficará imerso no lodaçal dos desvirtuamentos e da incredibilidade de seus fregueses da igreja em que se destacou como guia e pastor. Sua lacuna poderá levar muitos dos fieis a desacreditarem nos ensinamentos da igreja de Cristo.
-Os engenheiros e construtores que se descuidarem erigindo construções diversas sem os cuidados necessários à segurança, matarão muita gente e muitos serão levados a bancarrota, inapelavelmente!
-A fiscalização, qualquer que seja ela, que não cumprir os trabalhos lhes distribuído, deixará a coisa “certa” ser mesclada a “errada” sem a separação do meio-termo, que ficara orbitando entre as duas situações heterogêneas ; pagará caro pela omissão que acabará por bater-lhe, também, à porta, principalmente se o seu mister for cuidar da saúde que é pública e, portanto, poderá, se mal fiscalizada, alcançar-lhe, também, de supetão.



Autor: Sebastião Antônio Baracho.

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