segunda-feira, 12 de outubro de 2009

JORDÂNIA PEDE ÁGUA

Jordânia pede água
Falta de água coloca país em situação de penúria e pode provocar conflito militar em toda a região


As mudanças climáticas estão castigando de maneira brutal o Oriente Médio. Na Jordânia, o Governo só pode abastecer de água sua capital, Amã, uma vez por semana. A cada dia, dezenas de distribuidores privados fazem fila em um poço para encher os tanques de seus caminhões-pipa e logo vendê-la à população.

O clima anda radical e misterioso na região. A 15 quilômetros da capital, na última semana um fenômeno intrigou o Governo. Temperaturas de 400 graus dizimaram um rebanho de ovelhas (leia mais nesta página).

A demanda por água é enorme, mas a oferta insuficiente. “Há cada vez menos água nos poços. Ficamos por vezes cinco horas na fila.”, afirma Youssef, um caminhoneiro de Amã. No resto do país - quase todo desertificado -, os jordanianos estão literalmente aproveitando os últimos recursos: as fontes subterrâneas que não podem ser renovadas.

Não há opções. “Não temos água suficiente, nem rios nem lagos de porte. Os especialistas em mudanças climáticas são pessimistas”, diz Raed Abu Saud, ministro de Água e Irrigação.

A exemplo do restante do Oriente Médio, a Jordânia sofre cada vez mais com a seca. Enquanto o efeito estufa é um problema, o clima político na região piora as coisas a cada ano.

O Jordão, que tem nascente na Síria e sua foz no Mar Morto - perdeu 95% de seu leito por causa do desvio de curso - Síria, Israel e Jordânia ergueram represas ao longo das margens de seus afluentes.

“O conflito está fazendo com que cada país faça o possível para ficar com mais água. Falta cooperação entre todos”, disse Munquth Meyhar, diretor da ONG Amigos da Terra e do Oriente Médio.

“Nem síria nem Israel dão à Jordânia a quota correspondente de água, mas o Governo jordaniano não quer culpar os vizinhos”, afirma Meyhar. “Com represas construídas ou não, no final do dia temos de ter chuva para enchê-las. Quando há menos água, as coisas ficam mais complicadas e temos de ter cuidado para abordar o tema com os demais países”, pondera Abu Saud.

Alimentado pelo Jordão, o Mar Morto pode praticamente desaparecer até 2.050. Hoje um centro de turismo, e na verdade um lago de água salgada que divide a Jordânia e a Cisjordânia, ele tem encolhido até 1 metro por ano desde o início da década. Nos últimos 40 anos, já perdeu um terço de sua superfície. Seriam necessários 800 milhões de metros cúbicos de água por ano apenas para frear o processo de desaparecimento. Já o principal motivo para a redução dos níveis do Mar Morto é o uso das águas para mineração, irrigação e até mesmo para manter campos de golfe no deserto.

Frente à potencial causa de futuros confrontos bélicos, Jordânia, Israel e Autoridade Palestina planejam desenvolver em conjunto um projeto para salvar o Mar Morto por meio de uma drenagem do Mar Vermelho.

Salvação

Apelidado de “Canal da Paz”, o projeto também prevê a construção de uma usina de dessalinização para abastecer com água potável principalmente a Jordânia, um dos dez países mais secos do mundo. Visto como uma tábua de salvação no país árabe, onde o consumo aumentou quase 50% entre 1985 e 2005, o projeto foi descrito por Soud como “a solução dos problemas de água do país”.

Dos 850 bilhões de litros que seriam dessalinizados anualmente, a Jordânia ficaria com 570 bilhões - quase 63% de seu consumo atual. O Banco Mundial realiza um estudo de viabilidade do projeto, que deve ser finalizado no fim de 2010. “Gostaria muito que ver um dia todo este pesadelo acabar”, disse Meyhar.






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