sexta-feira, 30 de outubro de 2009

HONDURAS E " O CARA"


Ainda é preciso a aprovação do Congresso e definir o cronograma, mas não há volta atrás: Manuel Zelaya reassumirá a Presidência de Honduras nos próximos dias, após mais de quatro meses afastado.

O acordo, mediado pelo chefe da diplomacia de Obama para a América Latina, Thomas Shannon, foi acertado na noite de ontem e anunciado por Roberto Micheletti, em cadeia nacional de rádio e TV.

A confusa fala de Micheletti gerou dúvidas de início, mas aos poucos a embaixada foi se descontraindo. Só que a certeza só veio mesmo com a visita de Shannon, líder da cavalaria que resolveu o imbróglio em apenas um dia.

Demonstrando felicidade, mas sem exagero, Zelaya soltou piadas, cumprimentou o pessoal da casa e foi ao jardim tomar a “foto oficial”, estilo time de futebol. Agradeceu ao Brasil e aos Estados Unidos e deixou Venezuela de fora. E sempre lembrando que ainda há um caminho a ser percorrido para chegar à Casa Presidencial.

Nos próximos dias, não faltarão análises de quem ganhou e quem perdeu. Mas não há dúvidas de que se trata de uma vitória de Barack Obama, no seu primeiro grande teste na América Latina. O Brasil de Lula também se sai bem, pois foi a presença de Zelaya na embaixada que desencadeou as negociações e finalmente o acordo.

Por outro lado, Zelaya aprendeu que, quanto mais longe de Hugo Chávez, melhor para a sua imagem. Basta lembrar que, nas duas frustradas tentativas anteriores de voltar a Honduras, estava a bordo de um avião venezuelano e de um jipe que tinha o chanceler Nicolás Maduro de co-piloto. E que o rechaço ao presidente venezuelano ultrapassa os

80% dos hondurenhos, segundo uma pesquisa encomendada por sua própria gente. Sem contar as inúmeras vezes que ele acusou Washington de estar por detrás da deposição.

Quem também sai mal é a OEA, que terminou as negociações na condição de espectadora. Isso depois de o enviado anterior a Honduras, John Biehl, ter pressionado Zelaya a renunciar, há apenas uma semana.

No caso de Zelaya, a incógnita é se foi uma vitória com conseqüências no longo prazo. Porque governar, governar, ele não vai. O “segundo período” de Zelaya será um dos menores da história de Honduras _a posse do novo presidente é em 27 de janeiro. E no final de novembro começa a transição, logo após o resultado das urnas. Segundo as pesquisas, será o direitista Porfírio “Pepe” Lobo, seu adversário político. Quem vai querer ser ministro por tão pouco tempo de um presidente que não fará o sucessor?

O impacto de sua volta apenas se medirá depois de seu mandato, com dois desafios conseguirá Zelaya organizar uma nova força política que rompa o bipartidarismo e, principalmente, convocar uma Assembleia Constituinte _e, nela, instituir a reeleição presidencial?



PS: aos que perguntaram sobre o carômetro, eis a foto acima _e a diferença entre Zelaya e os seus apoiadores.



Escrito por Fabiano Maisonnave às 06h15

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