terça-feira, 27 de abril de 2010

PROCURADORA RECALCADA AGRIDE CRIANÇA DE 2 ANOS NO RJ


Caso de menina agredida pode ser crime de tortura, diz delegada
Segundo Monique Vidal, laudo é essencial para o inquérito.
Porteiros foram intimados e um deles deve depor nesta terça-feira (27).

Alba Valéria Mendonça Do G1 RJ

A delegada Monique Vidal, da 13ª DP (Ipanema) aguarda o laudo do exame de corpo de delito da menina de 2 anos, que teria sido agredida por sua mãe adotiva, a procuradora aposentada Vera Lúcia Gomes. Segundo ela, dependendo do que constar no documento, o caso pode passar a ser investigado como crime de tortura.

“Dependendo do laudo do exame, o caso pode perfeitamente passar de maus-tratos a tortura. Mas não vi a menina, só a vi por fotos entregues pelo Conselho Tutelar, que mostram a menina machucada. Trata-se de um caso muito delicado que tem de ser investigado com cuidado. Por isso, o laudo é fundamental”, disse a delegada, informando que o exame de corpo foi pedido pela juíza da Vara da Infância e da Juventude.

No último dia 15, logo após receber a denúncia de que uma procuradora de justiça é acusada de agredir a filha adotiva de 2 anos, o Conselho Tutelar retirou a menina do apartamento onde morava com a mãe, em Ipanema, na Zona Sul. A polícia abriu um inquérito para investigar o caso e começou a ouvir as testemunhas nesta segunda (26).

Na tarde desta terça-feira (27), a delegada deve ouvir um dos dois porteiros intimados para prestar depoimento. Monique também pretende ouvir outras testemunhas do caso, como empregados e ex-empregados, ao longo da semana. Algumas pessoas que poderiam confirmar os maus-tratos sofridos pela criança moram em outros municípios.

A delegada disse que ainda não teve acesso às gravações que teriam sido feitas no interior do apartamento da procuradora e que mostra um dos momentos da agressão.

Segundo depoimento do conselheiro, a criança estava no chão do terraço onde fica o cachorro da procuradora aposentada. De lá, a menina foi levada para um hospital. Com os olhos inchados, ela precisou passar três dias internada.

Na delegacia, o Conselho Tutelar registrou uma queixa de maus-tratos e apontou a procuradora como a única responsável pela violência. Uma gravação que teria sido feita dentro do apartamento da suspeita mostra um dos momentos de agressão. A voz seria da doutora. O choro seria da menina adotada por ela há pouco mais de um mês.

Uma empregada que trabalhou para a promotora, que não quis se identificar, afirmou que a doutora agredia a menina. “A doutora Vera acordava com a garota. Dava bom dia e ela não respondia, era motivo pra bater nela. Aí batia muito. Batia no rosto, na cara e puxava o cabelo”.

Agressões
Abandonada pela mãe num abrigo, a menina de 2 anos foi levada em março para o amplo apartamento de luxo da promotora, em Ipanema, onde ela teria sofrido agressões e humilhações. Segundo a empregada, a doutora batia na criança na frente dos outros funcionários da casa.

“Ela (promotora) levantou a garota pelo cabelo e dava mais, levou até o quarto dando tapa", afirmou uma babá que também trabalhava para a promotora.

Por causa da violência que dizem ter presenciado, as funcionárias abandonaram o emprego. Agora elas são as principais testemunhas do caso. A empregada contou que a menina não pedia ajuda: “Não pedia. Só chorava. Não tinha como pedir, porque ela não podia chegar perto da gente”, completou a doméstica, que completou dizendo que não chamou a polícia por medo: “Ela sendo uma pessoa poderosa, a gente tinha medo mesmo”.

"Dane-se", diz promotora
Por telefone, a promotora desqualificou a denúncia: “Meu senhor (riso) eu... sem resposta”. Ao ser questionada sobre a denúncia, a doutora respondeu: “Meu senhor, dane-se! Azar, azar. Que tenha vinte.”

O chefe da procuradora aposentada, Cláudio Lopes, também determinou a apuração da denúncia. “Em tese, você pode ter a caracterização de delito de maus-tratos, pode ter uma simples lesão corporal, ou, dependendo das provas, pode até se caracterizar um delito de tortura”, disse.

A juíza titular da Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, Ivone Caetano, garante que a procuradora perdeu o direito de tentar novas adoções. “Ela já mostrou o perfil dela. Por que nós vamos colocar outra criança a mercê de uma criatura dessa natureza?”.

A nova vida da garota fora do abrigo durou muito pouco. Depois de passar quase um mês na companhia da procuradora aposentada, ela foi levada de volta para a instituição pelo Conselho Tutelar.

“É feito um trabalho psicológico antes de se colocá-la para nova adoção, para que ela perca todo o trauma recebido por tal tratamento”, completou a juíza.


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