domingo, 30 de agosto de 2009

EDITORIAL JORNAL VALEPARAIBANO - PARABÉNS!!!


Editorial

Pobres Cidadãos


Por 5 votos a 4, o STF (Supremo Tribunal Federal) livrou Palocci de qualquer responsabilidade no episódio de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Para os ministros do Supremo, conduzidos pelo relator Gilmar Mendes, não há provas de que o ex-titular da Fazenda tenha participado da manobra para divulgar o extrato de Francenildo. Embora Palocci notoriamente soubesse que a direção da Caixa Econômica Federal havia arquitetado a violação do sigilo e nada tivesse feito para impedir tal ação criminosa, o STF entendeu que o outrora poderoso ministro de Lula não pode ser processado pela Procuradoria-Geral da República.

No Palácio do Planalto, o julgamento favorável a Palocci foi comemorado como uma vitória política. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende utilizar a decisão do STF como um atestado de inocência capaz de reabilitar Palocci perante o eleitorado paulista e viabilizar seu nome na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Para o ex-ministro, é a chance de assumir o comando das diretrizes políticas do PT em São Paulo, uma legenda combalida pelas derrotas sucessivas da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e pelos estragos provocados pelo mensalão.

Se Lula e Palocci terão sucesso em seus planos, é uma outra história. A máquina do Estado está nas mãos do PSDB há mais de 15 anos e a pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) desponta com força, a ponto de o Planalto ter cogitado o lançamento de Ciro Gomes (PSB) em São Paulo.

Infelizmente, o principal reflexo do julgamento do STF não se dá na esfera da política, mas da ética.

Um dia depois do julgamento, Francenildo dos Santos Costa acordou cedo e foi limpar pedras em casas de Brasília --único emprego que conseguiu depois que se tornou um caseiro "pouco confiável" na capital. A ação por danos morais que moveu por conta da violação de sigilo bancário até hoje não foi julgada.

Com o dinheiro que recebeu do pai, a suposta propina inventada pelos aliados de Palocci em 2006, Francenildo comprou dois terrenos no Piauí. Se Brasília fechar definitivamente as portas para o caseiro que denunciou os figurões da República, ele pretende voltar a terra natal.

Termina assim, de maneira melancólica, mais uma tentativa de um brasileiro simples exercer a sua cidadania.

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